Vivendo do Ócio: festivais unem underground e mainstream
Radicados em São Paulo, baianos se apresentam no último dia do Lollapalooza ao lado de Pearl Jam e Kaiser Chiefs
“Eu só queria tomar um vento na cara. Me deu saudade da Bahia”. O verso não esconde a origem da banda e nem o sentimento desse quarteto agora radicado em São Paulo. Ganhando cada vez mais espaço no cenário, o Vivendo do Ócio coroa essa boa fase com uma apresentação de grane porte: os baianos estão no line-up do Lollapalooza 2013 e tocam no último dia do festival ao lado de nomes consagrados, como o headliner Pearl Jam. “Vai ser uma grande honra, sempre acompanhamos o festival bem antes da primeira edição aqui no Brasil, dividir palco com Foals, Kaiser Chiefs e Planet Hemp com certeza vai ser um ponto marcante na nossa carreira”, disseram Jajá Cardso (voz e guitarra), Luca Bori (baixo e voz) Davide Bori (guitarra) e Dieguito Reis (bateria) em entrevista ao Terra.
“A principal importância de festivais como esse é que encurta ainda mais o caminho entre o underground e o mainstream, trazendo grandes bandas como The Hives, Queens of the Stone Age, Pearl Jam, Black Keys, The Killers e Franz Ferdiand para o Brasil, misturando com grupos brasileiros que transitam muito bem nos dois lados”, completaram.
O quarteto baiano, que passa bem longe do axé de sua terra natal, aposta em um rock urgente e cheio de riffs bem construídos. Comparações com Arctic Monkeys e outras bandas com esse estilo acelerado são recorrentes. Com essas influências, o Vivendo do Ócio, formado em 2006, viu a grande virada dois anos depois, quando venceu o concurso Gas Sound, cujo prêmio colocou a banda entre os artistas da DeckDisc e consequentemente o produtor Rafael Ramos.
Desde lá, já lançaram três álbuns: Teorias de Amor Moderno (2008), Nem Sempre Tão Normal (2009) e O Pensamento É Um Ímã (2012). Este último álbum tirou o Vivendo do Ócio do hall de “apostas” para colocar o quarteto definitivamente entre bandas que devem ser observadas de perto.
O Pensamento É um Ímã ganhou fãs de respeito, como o músico gaúcho Wander Wildner. “Gostei das letras, do som e da postura, que se mantiveram boas e os discos vêm melhorando com o tempo. A música Nostalgia, do disco mais recente, foi pra mim uma das melhores de 2012”, disse o famoso “punk brega” no blog Independência ou Morte.
E foi a própria Nostalgia que ganhou um clipe dirigido pro Ricardo Spencer, que também já criou vídeos para Pitty, Criolo, Cachorro Grande e CPM 22. E apostar em clipes pode parecer uma “contramão” para quem acredita que o formato que triunfou nos anos 90 já se deu por vencido. “Ficamos felizes com a repercussão, muita gente se identificou e ajudou a espalhar o clipe, que se tornou uma 'extensão' da música, ele reforça ainda mais a mensagem que Nostalgia passa, mesmo falando de Bahia, cada pessoa relaciona com a saudade que tem e esse tipo de identificação tão sincera é muito importante”.
A ideia do diretor, outro baiano radicado em São Paulo, era lembrar os imigrantes cubanos que vão aos Estados Unidos em botes improvisados. “A gente abraçou a ideia de cara fazendo uma ponte de ‘sair da sua terra natal pra buscar algo melhor’. Cruzamos a Baía de Todos Os Santos de volta a nossa terra”, explicaram.
É nessa busca por “algo melhor” que está o Lollapalooza, não só para o Vivendo do Ócio, mas para diversos grupos brasileiros que flertam com o mainstream. “Holger, Tokyo Savannah, Lirinha + Eddie, Vanguart, Agridoce e Vivendo do Ócio. Só tem a acrescentar para ambos os lados, além disso, depois de tocar em um festival desse porte sentimos um retorno muito positivo pois aumenta ainda mais o número de pessoas que curtem o nosso som”.