Madonna no Rio: rainha do pop deixa fãs 'em transe' com espetáculo e homenagens ao Brasil
Cantora emocionou o maior público da carreira com sucessos e perfeccionismo no palco; Anitta e Pabllo Vittar participaram do show
O efeito Madonna deixa qualquer um em estado de transe. Isso inclui as cerca de 1,6 milhão de pessoas que estavam na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para testemunhar o show histórico da maior artista pop viva do mundo.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
É verdade que, neste sábado, 4, a cantora fez o público cantar e dançar seus sucessos. No entanto, o encerramento da The Celebration Tour representou mais que isso. Na turnê pensada para celebrar seus 40 anos de carreira, foi o público quem comemorou a experiência quase catártica de testemunhar Madonna.
Com suas camisas temáticas e leques em mãos, os fãs saíram cedo de casa para tentar conseguir um lugar pertinho da diva. Dispostos a enfrentar a onda de calor na capital fluminense e a lotação no sistema de transporte público da cidade para chegar na Avenida Atlântica, eles já se amontoavam na praia de Copacabana às 17h, quase 6 horas antes da subida de Madonna ao palco.
Teve ainda quem corresse atrás de conseguir a 'carteirinha' de fã nos 45 do segundo tempo, comprando algum item que tivesse o rosto da artista estampado. E os ambulantes que estavam na saída da estação de metrô Cardeal Arcoverde, a mais próxima do palco, ofereciam diversas opções de itens com o nome da cantora.
Diferentemente do que se imaginou, a trilha sonora do caminho até a praia não eram as canções da rainha do pop. Eram frases como: "Olha a ecobag da Madonna!" e "Compre a camisa da Madonna!".
No primeiro fim de semana de maio, parece que tudo virou 'da Madonna'. Dos itens ao público entregue à diva, tudo ali estava dominado por seu efeito. A confirmação veio no palco. Depois de quase uma hora de atraso - o que já era esperado por seus fãs -, a rainha do pop apareceu para o maior público de sua carreira.
Comoção dos fãs
Na música que escolheu para abrir o show, Madonna canta: quando eu era jovem, nada realmente me importava a não ser me fazer feliz. Nothing Really Matters foi lançada em 1998 e o discurso forte contido na letra parece ainda fazer sentido, mesmo passados 26 anos.
Durante as quase três horas de apresentação, parece que a rainha do pop fez a si mesma e ao seu público feliz. Longe da Madonna reclamona que muitos especulavam, aquela que estaria aborrecida com o barulho dos fãs e com o calor carioca, o que foi visto no palco foi uma mulher enérgica e cuidadosa com cada passo em cena.
A performance impressionou até quem já é fã, mas nunca tinha tido a oportunidade de vê-la de perto. O carioca Rodrigo Barbosa Santiago vivenciou uma apresentação de Madonna pela primeira vez na vida e garante que saiu com os olhos brilhando. Para ele, os pontos altos da noite envolvem as coreografias e o jogo de imagens criado pelas câmeras que gravavam tudo do palco.
"Eu achei sensacional o audiovisual tão conectado e com cada momento da vida dela tão bem retratado. Para mim, ela contou uma história, escolheu bem os momentos dos 40 anos de carreira e me surpreendi muito com ela mesma dançando, com a idade que tem", opinou ao Terra.
O fã Gabriel Oliveira concorda com Rodrigo. Para ele, o balé foi essencial em toda a condução da história contada no palco.
"O corpo de balé é muito bom. Eles têm uma sintonia e o show, de fato, é uma grande celebração aos 40 anos de carreira dela", defendeu.
Para quem assistia a apresentação direto de Copacabana, a impressão era de que o público estava vidrado com a presença de Madonna. Os fãs só saíram mesmo do estado de transe durante alguns momentos marcantes da apresentação. Quando a rainha do pop começou a cantar o sucesso Hung Up, por exemplo, não teve quem não pulasse e engrossasse o coro com ela.
O lado familiar da artista também empolgou a galera. Em Bad Girl, Madonna cantou enquanto a filha Mercy James, de 18 anos, tocava piano. Um pouco mais nova que a irmã, Estere encarnou uma DJ em Vogue e fez os fãs começarem uma 'bateção' de leque sem fim.
Outro ponto alto foi a já esperada homenagem às vitimas da Aids na música Live to Tell. Em todos os países pelos quais passou, Madonna projetou imagens de personalidades locais. No Brasil, não foi diferente. O público ovacionou o momento em que as fotos em preto e branco de Cazuza, Renato Russo, Caio Fernando Abreu, Sandra Bréa e outros apareceram no telão.
Declaração de amor ao Brasil
Nada empolgou mais o público do que se ver representado no palco. Em mais uma homenagem acertada, Madonna levou uma bateria de crianças ritmistas de escolas de samba do Rio de Janeiro ao palco. Comandados por Pretinho da Serrinha, os 20 jovens vestiam camisas da Seleção Brasileira de Futebol que reverenciavam a 'craque' do pop: 'Madonna 10' estampava o uniforme.
A própria rainha do pop se vestiu de verde e amarelo enquanto o rosto de várias personalidades brasileiras apareciam nos telões. A cada um, mais e mais gritos empolgados do público. Maria Bethânia, Raoni Metuktire, Marielle Franco e Marina Silva foram alguns dos rostos que iluminaram os telões de LED, além da bandeira do Brasil.
Outro momento que arrancou gritos e risadas do público milionário da artista foi durante um discurso de agradecimento aos fãs brasileiros. Em um momento descontraído, ela chegou a dizer que sentia o amor dos brasileiros até da sua vagina. O momento virou meme após a transmissão da TV Globo traduzir a frase para "sinto aqui na minha periquita".
Expectativa frustrada
Um pouco de Brasil também foi levado à apresentação por Anitta e Pabllo Vittar. As duas, que estavam confirmadas no show, realmente subiram ao palco, mas não como os fãs imaginavam. A expectativa para o número com a cantora de Girl From Rio era um momento surpresa com a música Faz Gostoso, colaboração entre Anitta e Madonna lançada no álbum Madame X, de 2019.
A realidade não foi tão empolgante assim, embora tenha arrancado gritos da plateia. Contida e pouco parecida com a Anitta que os brasileiros conhecem, a cantora surgiu durante a performance de Vogue. Em uma brincadeira, ela levantava placas com notas 10 para os bailarinos da rainha do pop.
O número já foi feito com outras personalidades famosas em outros países. No México, por exemplo, a atriz Salma Hayek fez o papel que foi dado a Anitta neste sábado, 4. No entanto, a cantora de funk parecia menos à vontade do que o normal. O motivo poderia até ser a falta de ensaio, já que ela chegou ao Rio de Janeiro no dia do show.
Quem ensaiou duas vezes antes do 'dia D' foi Pabllo Vittar. A drag queen subiu ao palco durante a canção Music. Vestida com a camisa de futebol do Brasil, ela brincou com Madonna, correu pelo palco, arrancou sorrisos da rainha e até a carregou no colo. "A diva gostou da Pabllo, né? Deu para ver", comentou Gabriel.
A presença das duas brasileiras empolgou, mas não arrebatou os fãs que estavam por lá. Isso porque a expectativa era de que rolasse algum número musical em conjunto.
"Achei que a Pabllo fosse cantar com ela e a Anitta também. Então, senti que faltou alguma coisa quando elas apareceram", confessou Gabriel.
O fã, aliás, também se frustrou com outra característica do show: o playback. Gabriel, que nunca tinha ido a uma apresentação de Madonna, queria ter escutado mais sua voz ao vivo.
"Eu já desconfiava, mas não gostei de ter bastante playblack no show. Achei que a voz dela ficou muito baixa e faltou a banda", opinou.
Já Rodrigo pegou mais leve com a rainha do pop. Para ele, o único defeito de Madonna durante o encerramento da turnê foi não ter cantado sua canção favorita. "Sei que para cada fã sempre faltará uma música e, para mim, faltou ela cantar Sorry", lamentou.
Ele ainda acredita que o final do show não foi como esperava, mas o 'jeito Madonna' foi bem representado mesmo assim.
"O final foi meio brusco, mas, olha, todas as 'Madonnas' já estavam ali. Ela revisitou todas as fases e acabou com Bitch, I'm Madonna, porque, no final, é isso que basta, né? É ela!", destacou Rodrigo.
Perrengue na volta para casa
Nem toda excitação do mundo após o show gratuito de Madonna em Copacabana foi capaz de amenizar os perrengues da volta para casa. Durante a semana, a Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou os esquemas de trânsito e transporte público para o evento. Pela praticidade, grande parte resolveu voltar de metrô.
Logo que chegou na estação Cardeal Arcoverde, a mais próxima do palco, o público enfrentou enormes filas para usar o transporte público. Cerca de uma hora depois do término do show, a região continuava lotada. Com 500 metros de distância do local do evento, a estação passou a não comportar mais nenhum fã, e os funcionários da Metrô Rio orientaram que todos fossem para a estação seguinte, Siqueira Campos.
O problema é que a estação ficava muito mais longe que a primeira: 1,5 quilômetro até lá a pé. Mesmo assim, muita gente não pensou duas vezes em tentar a sorte por lá. No entanto, a Siqueira Campos parecia até mais cheia que a Cardeal Arcoverde.
Por esse motivo, o mar de gente que deixou Copacabana atravessou o Túnel Velho, na Zona Sul, para tentar a sorte com um táxi ou carro por aplicativo em Botafogo. Ao longo do caminho, muitos criticavam: "Isso aqui está pior que no Réveillon, cara!".