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Ministério da Justiça manda liberar água em shows após morte de fã de Taylor Swift

18 nov 2023 - 16h09
(atualizado às 16h57)
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Foto: YouTube/Taylor Swift / Pipoca Moderna

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, mandou liberar a entrada de garrafas de água de uso pessoal, em material adequado, em shows e espetáculos do país a partir deste sábado (18/11). A iniciativa aconteceu após a morte de uma fã de Taylor Swift na sexta (17/11), durante o primeiro show da cantora no Rio. A estudante de psicologia Ana Clara Benevides, de 23 anos, faleceu após passar mal devido ao calor.

De acordo com diversas publicações do público do evento nas redes sociais, foi proibida a entrada de garrafas no local, para que a organização vendesse copos de água ao preço de R$ 8. Com temperaturas de mais de 41 graus durante o dia, a sensação térmica do evento teria alcançado quase 60 graus, e o corpo de bombeiros registrou mais de mil desmaios durante o evento no estádio Nilton Santos, o Engenhão, além de ocorrências de vômito. Áudios feitos por fãs permitem ouvir o público implorando por água e buscando chamar a atenção da organização para pessoas que estavam passando mal.

Além de liberar a entrada de água, a portaria publicada pela Secretaria do Consumidor exige que as empresas produtoras de eventos com alta exposição ao calor também disponibilizem água potável gratuita em "ilhas de hidratação" de fácil acesso.

A portaria diz ainda que caberá aos órgãos estaduais e municipais de defesa dos interesses e direitos do consumidor realizar o acompanhamento dos preços da água mineral comercializada, a fim de coibir aumento abusivo de preços e ônus excessivo aos consumidores. A determinação tem validade imediata.

O texto diz que as medidas são necessárias devido aos últimos acontecimentos no território brasileiro, "amplamente divulgados pelas mídias, especialmente na cidade do Rio de Janeiro/RJ, com registro de múltiplas ocorrências de eventos trágicos ou nocivos tendo consumidores como vítimas em virtude da elevada temperatura, possível ventilação deficiente e dificuldades de hidratação em show produzido por empresa privada".

 

Governo do Rio reforça ações

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, também ordenou a instalação de mais bebedouros dentro do Engenhão e pediu a liberação de garrafas de plástico vazias para servir como refil.

"Seis caminhões novos que adquirimos estarão jogando água nos fãs para ajudar a diminuir os impactos do calor. A empresa também foi notificada pelos Bombeiros para que aumente o número de brigadistas, maqueiros e toda estrutura interna para atendimento", disse Castro.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, também anunciou medidas para o segundo dia de show, incluindo novos pontos de distribuição de água, aumento no numero de brigadistas e de ambulâncias no evento.

 

Posição da empresa responsável

Em comunicado à imprensa, a Time For Fun (T4F), empresa responsável pelos shows da cantora no país, disse que o bloqueio à entrada de água é uma "exigência feita por órgãos públicos" e que não vende bebidas no show, porque isso é de responsabilidade da administração do estádio.

O texto também informa que a empresa está "reforçando o plano de ação especial realizado no primeiro dia do show, especialmente o fornecimento de água gratuita nas filas e em todos os acessos e entradas ao estádio e no seu interior".

Diversos registros do público reclamam que a preocupação com hidratação, descrita como ação especial, foi mínima durante o evento. Fãs chegaram a organizar uma petição online por mais acesso a água.

 

Mensagem de Taylor Swift

Em suas redes sociais, Taylor Swift lamentou a morte de Ana, em um longo texto, no qual afirmou que sente "profundamente essa perda" e que está com o "coração partido". "Eu não posso acreditar que estou escrevendo essas palavras, mas é com o coração partido que eu digo que perdemos uma fã no começo desta noite, antes do meu show", ele começou. "Eu nem posso te dizer como fiquei devastada por isso. Tenho muito pouca informação além do fato de que ela era incrivelmente linda e jovem demais."

Ela continuou: "Não vou conseguir falar sobre isso no palco porque me sinto dominada pela tristeza quando tento falar a respeito. Quero dizer que agora sinto profundamente essa perda e que meu coração partido está com sua família e amigos. Essa foi a última coisa que pensei que aconteceria quando decidimos trazer essa turnê para o Brasil."

Vídeos da apresentação mostram que a cantora chegou a pausar o show para garantir que os fãs recebessem água. "Há pessoas que precisam de água aqui mesmo, talvez a 10, metros de distância", disse ela à multidão. "Então, quem está encarregado de dar isso a eles, apenas certifique-se de que isso aconteça. Posso receber um sinal de que vocês sabem onde eles estão?"

 

Repercussão internacional

A morte de Ana Clara Benevides teve repercussão internacional, com o jornal britânico The Independent apontando a "perigosa onda de calor está varrendo o Brasil".

Também da Inglaterra, o jornal The Guardian mencionou que o show aconteceu "em meio a condições sufocantes" e o Daily destacou a proibição da entrada de pessoas com garrafas com água.

O alemão Bild afirmou que a apresentação foi "ofuscada pela morte de uma jovem", lembrando que "cerca de mil episódios de desmaios foram registrados pelos bombeiros", enquanto o New York Post e a revista The Hollywood Reportar destacaram que a própria Taylor Swift chegou a distribuir água para algumas pessoas que estavam assistindo ao show.

O New Zealand Herald ainda destacou a mensagem deixada pela cantora após a notícia da morte de Ana. Já o jornal argentino Clarín noticiou as queixas dos fãs e o pedido de investigação pelo Ministro da Justiça Flávio Dino.

 

Investigação do governo

Responsável por editar a portaria publicada na tarde de hoje, o secretário Wadih Damous escreveu nas redes sociais: "A Senacon está atuando no sentido de garantir o respeito à dignidade, saúde e segurança dos consumidores. Direitos que foram claramente ignorados na noite de ontem, durante o show da Taylor Swift."

Ele ainda afirmou que o governo emitiu uma notificação à empresa organizadora do evento com o intuito de apurar as responsabilidades "acerca da gravidade do que foi observado durante o show de ontem".

O governo solicitou dados como a quantidade de ingressos vendidos, número de pessoas presentes, e a indicação de onde partiu a proibição de acesso à água. Também quer saber se havia disponibilidade de bebedouro, a estrutura para atendimento médico e quais procedimentos foram adotados especificamente com a jovem que faleceu.

"Todos esses dados servirão de base para apuração e responsabilização quanto aos fatos notórios que vimos acontecer no Engenhão na noite de ontem", escreveu Damous.

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