Morre aos 89 anos a cantora e atriz Maricenne Costa, pioneira da bossa nova
A artista, que também se destacou no teatro, foi a primeira a gravar uma música de Chico Buarque
Trajetória marcada pela bossa nova e pelo teatro
A cantora e atriz Maricenne Costa morreu no sábado (18/1), aos 89 anos, após anos lutando contra a doença de Alzheimer. A informação foi confirmada por sua irmã, Elisabeth Sene Costa.
Maricenne foi uma das integrantes da corrente paulista da bossa nova, reconhecida por sua voz única. Em 1962, o músico João Gilberto elogiou seu talento: "Sua voz tem cores, Maricenne. Não cale nunca essa voz colorida".
Nascida em 1935, em Cruzeiro, interior de São Paulo, Maricenne começou a cantar acompanhada ao piano por sua mãe. A carreira musical começou oficialmente em 1958, quando venceu o concurso "A Voz de Ouro do Brasil", da TV Tupi. No mesmo ano, lançou seu primeiro single com as músicas "Quem Sou Eu", de Dolores Duran e Ribamar, e "O Amor Morre no Olhar", de Guerra Peixe e Jair Amorim.
Primeira gravação de Chico Buarque
Maricenne Costa foi a responsável por registrar a primeira composição de Chico Buarque em disco. Em 1964, gravou o single "Marcha para um Dia de Sol", colaborando com o compositor no início de sua carreira.
Nos anos 1960, representou a bossa nova em turnês internacionais, incluindo apresentações nos Estados Unidos ao lado do organista Walter Wanderley, além de performances em Portugal.
Do punk ao samba
Maricenne lançou álbuns que exploraram diferentes vertentes musicais. Em 1992, apresentou "Correntes Alternadas", inspirado pelo punk. Sete anos depois, gravou "Como Tem Passado!!", um trabalho baseado em pesquisas do historiador musical José Ramos Tinhorão, resgatando ritmos como o lundu, o maxixe e o samba. Seu último álbum foi "Bossa.SP", de 2009, reafirmando suas raízes na bossa nova paulistana.
Além da música, Maricenne também se destacou no teatro, convivendo com artistas como Myriam Muniz, Ricardo Blat e Marcos Caruso. Ela acreditava que não tinha ficado tão conhecida na música por ter se dividido entre os diferentes palcos.
Sua vida e obra foram registradas no livro "Maricenne Costa - A Cantora da Voz Colorida", escrito por sua irmã Elisabeth e lançado em 2022.
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