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O guitarrista de metal que pode ajudar Toninho Geraes a vencer Adele na Justiça

Integrante do Angra e bacharel em Composição Musical, Rafael Bittencourt assina laudo que fundamenta processo de plágio contra artista britânica

20 jan 2025 - 17h37
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Rafael Bittencourt (Angra) e Adele
Rafael Bittencourt (Angra) e Adele
Foto: Fotos: Alexandre Loureiro / Getty Images e Denise Truscello / Getty Images for AD / Rolling Stone Brasil

Toninho Geraes mantém a sua acusação de plágio na Justiça contra Adele e partes envolvidas. O compositor brasileiro de "Mulheres", música lançada na voz de Martinho da Vila em 1995, alega que a cantora britânica teria copiado sua criação ao desenvolver "Million Years Ago", faixa creditada a ela e ao produtor Greg Kurstin e disponibilizada em 2015.

Na tentativa de provar seu ponto, a defesa de Geraes trouxe um músico de renome do heavy metal nacional para preparar um laudo técnico. Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra — e formado em Composição Musical e Regência —, trabalha no documento a pedido da advogada Deborah Sztajnberg.

O músico discutiu o tema em entrevista a Ruan de Sousa Gabriel para o jornal O Globo (via site Igor Miranda). De acordo com Bittencourt, "existem muitas coincidências para que tudo não passe de pura coincidência". Ele ainda destacou que "as duas obras podem ser executadas simultaneamente sem cacofonia, sem macular a harmonia, a ideia rítmica ou a melodia".

"Imagine que eu peça para várias pessoas desenharem um trem com uma locomotiva e sete vagões, representando a regra dos oito compassos musicais. Os vagões podem ter tamanhos diferentes. E cada um deles deve ter pelo menos quatro camadas com texturas e cores diferentes. Qual a chance de duas pessoas, no mundo todo, desenharem praticamente o mesmo trem?"
Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra -
Rafael Bittencourt, guitarrista do Angra -
Foto: Alexandre Loureiro / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Para Rafael, a justificativa dos advogados da Universal Music — envolvida no caso — de que a composição utiliza um clichê musical conhecido como Progressão de Acordes pelo Círculo de Quintas é uma "tentativa desesperada de defender uma coincidência quase exata". Bastante usada na música popular, a sequência de notas em questão estão distanciadas por intervalos de quinta justa.

Por outro lado, o músico do Angra não enxerga má-fé. Para ele, a música pode ter sido ouvida em algum momento e ficado na mente dos compositores, que podem ter se lembrado da melodia posteriormente pensando ser uma criação deles, não de outra pessoa.

"Eu já tive ideia de música que depois descobri que era um sucesso da Turquia que tinha ganhado uma versão no Brasil e provavelmente ficou na minha cabeça."

De acordo com Deborah Sztajnberg, a escolha de Rafael Bittencourt foi estratégica. A advogada queria um autor que "não fosse sambista, como seu cliente, para evitar acusações de coleguismo; que fosse uma pessoa reconhecida internacionalmente; que dialogasse com a música popular e, ao mesmo tempo, tivesse uma sólida formação clássica".

O processo contra Adele

Em dezembro último, a Justiça do Rio de Janeiro determinou que "Million Years Ago", música disponibilizada por Adele no álbum 25 (2015), seja retirada das plataformas digitais. O motivo reside em uma ação judicial de plágio movida pelo brasileiro Toninho Geraes, autor da canção "Mulheres" (lançada em 1995 na voz de Martinho da Vila).

Adele -
Adele -
Foto: Denise Truscello / Getty Images for AD / Rolling Stone Brasil

O processo ainda está correndo — ou seja, não há plágio confirmado — e a faixa segue disponível em streaming. Todavia, o juiz Victor Agustin Cunha, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, indicou que "Million Years Ago" teria forte indício "da quase integral consonância melódica" com "Mulheres".

O site Poder360 aponta que, além de Adele, foram acionados o produtor e co-autor Greg Kurstin, as gravadoras Universal Music Publishing MGB Brasil Ltda e Sony Music Entertainment Brasil Ltda e o selo Beggars Group. Caso reproduzam ou comercializem "Million Years Ago" sem a autorização de Geraes, precisarão pagar R$ 50 mil de multa — e o brasileiro já adiantou que não concederá permissão.

De acordo com o jornal O Globo, a Universal Music apresentou recurso visando derrubar a liminar que vetou a execução de "Million Years Ago". A empresa defende que a faixa "não viola direitos autorais", conforme "atestado por dois pareceres independentes", e que "as semelhanças entre as duas obras se devem, em essência, ao fato de diversas músicas utilizarem um clichê musical conhecido como Progressão de Acordes pelo Círculo de Quintas [nota: sequência de notas distanciadas por intervalos de quinta justa]". Um trecho da defesa, apresentado pela coluna do jornalista Ancelmo Gois, afirma:

"A concessão da liminar é desproporcional e provoca dano inverso aos Réus, uma vez que a suspensão imediata de 'Million Years Ago' acarretará prejuízos econômicos significativos e comprometerá a liberdade artística dos envolvidos, especialmente considerando a popularidade e o impacto cultural de suas produções."

O vídeo fundamental segundo advogado

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o advogado de Toninho Geraes, Fredímio Biasotto Trotta, apontou que a decisão é mundial, não apenas nacional, e "inédita na história da música brasileira por ser proferida no início do processo e em um caso de plágio internacional". Vale lembrar que Jorge Ben Jor já venceu uma ação do tipo contra Rod Stewart, porém, décadas atrás — ou seja, quando ainda não existiam plataformas de streaming — e sem uma deliberação similar logo de cara.

Ainda de acordo com Trotta, um vídeo publicado em seu canal no YouTube se mostrou, em sua visão, como "a maior prova de plágio trazida até agora ao processo". Trata-se de um registro onde um grupo de músicos, incluindo a cantora Ju Vianna, interpreta de forma simultânea "Million Years Ago" e "Mulheres", visando sobrepor as composições. Segundo o advogado, a ideia da versão — que adequa tom e ritmo — é "eliminar alguns dos disfarces composicionais ou interpretativos dos responsáveis pelo plágio".

A filmagem — que, conforme apontado pelo advogado, é citada pela decisão judicial — pode ser conferida no player abaixo. Caso o vídeo não abra, para acessar diretamente no YouTube.

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