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Pagode, pagodão: a música da Bahia fora do axé

23 ago 2023 - 13h06
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Lêlê, lêlêlêlê…Pensou em pagode e começou a sambar? Então, não estamos falando do mesmo pagode. Apesar de surgirem a partir da mesma referência, dos sambas de roda, a cultura do pagodão se assemelha mais ao funk do que ao pagode carioca, por, entre outras características, ter letras de duplo sentido, o estilo dançante e o movimento das festas periféricas. No Rio de Janeiro, os bailes funk; em Salvador, os paredões.

"Olha a brincadeira da tomada", já ouviu essa letra, né? O grupo É O Tchan é a primeira banda de pagode baiano reconhecida nacionalmente, em seguida, surgem outros grandes nomes como Harmonia do Samba, Psirico, Léo Santana, autor dos hits recentes "Zona de Perigo" e "Posturado e Calmo", entre outros. 

Sem dúvidas, o pagodão é o gênero urbano mais representativo da Bahia, é a trilha das quebradas. Mas, muito cuidado, diferente do que foi disseminado, nem todas as músicas feitas na Bahia são denominadas de AXÉ. Este é apenas um dos gêneros musicais baianos, interpretado por artistas como Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Saulo Fernandes e Bell Marques. 

Nessa coluna, aos poucos, o pagode baiano será apresentado através das lentes das jornalistas idealizadoras da Plataforma Pagode Por Elas, Beatriz Almeida e Joyce Melo. A missão da Plataforma é construir uma nova década do pagodão, dessa vez feito por elas, já que, como é possível notar a partir dos exemplos citados, este gênero negro e periférico ainda não possui mulheres protagonistas conhecidas nacionalmente.

A Missão Nova Década do Pagodão

Sendo nós, mulheres socializadas desde a infância sob influência do pagode baiano, a Pagode Por Elas surge em 2019 a partir do seguinte questionamento: "Será que não existem mulheres cantando pagode ou elas estão vivendo um processo comum a maioria de nós mulheres, de apagamento?" 

Com essa ideia, ao desenvolver a pesquisa de campo, descobrimos que sim, existiam cantoras mulheres deste gênero, e inclusive, algumas já possuíam mais de 15 anos de carreira, sem protagonismo, apesar de terem dividido palco e músicas com nomes de sucesso como Ígor Kannário, Tony Salles e Robyssão. 

Pioneiras neste tema, realizamos muitos feitos inéditos sobre o protagonismo das mulheres neste gênero musical: o primeiro artigo científico sobre o tema, "As transformações provocadas pela presença de mulheres vocalistas na cena musical do pagode baiano"; A primeira realização audiovisual, a minissérie "Pagodão: A cena por elas", lançada com patrocínio da Skol, em parceria com a Diver.SSA e responsável por mais de 16 mil visualizações; O Podcast Pagode Por Elas; O primeiro festival com line 100% composta por pagodeiras; A primeira reportagem especial "As donas da zorra toda"; E uma assessoria de imprensa que mudou o resultado das pesquisas no Google sobre "Mulheres no Pagode Baiano".

Foto: AUR

"Existe uma cena do pagode baiano antes e uma cena depois da Pagode Por Elas", é o que disseram pagodeiras, como A Dama, Aila Menezes, Rai Ferreira e Dai, depois do impacto do trabalho que realizamos. Assim, entendemos a importância de seguir fomentando a revolução Pagode Por Elas. 

Construímos um ecossistema com o objetivo de acelerar o crescimento das pagodeiras, começamos por meio da frente de conteúdo, com podcast, reportagens e influência nas redes sociais e ampliamos para eventos, a exemplo do Festival Pagode Por Elas e do Show Pagode Por Elas; e a frente de educação e selo musical, Som Por Elas. 

Percebemos que ter uma plataforma que viabilizasse o trabalho das pagodeiras não era suficiente, então aos poucos criamos uma estrutura que ajuda a profissionalizar, traz oportunidades de projetos e contratação.

Atualmente, nos preparamos para realizar o primeiro Festival de pagode baiano com uma line composta inteiramente por pagodeiras. O Festival Pagode Por Elas será realizado no dia 6 de janeiro de 2024, no Trapiche Barnabé, em Salvador, e promete escrever mais um capítulo importante na construção da Nova Década do Pagodão. 

AUR
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