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Pearl Jam lança álbum 'Gigaton', que poderá ser ouvido em salas de cinema do Brasil

Primeiro disco da banda em mais de seis anos chega às plataformas digitais no dia 27 de março

9 mar 2020 - 06h10
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LOS ANGELES — É com muito barulho que o Pearl Jam lança seu primeiro álbum de estúdio em mais de seis anos, Gigaton (Universal Music), em 27 de março. A banda põe o pé na estrada já no dia 18, iniciando em Toronto, Canadá, a primeira perna de sua turnê mundial. No dia 25, fãs de diversos países poderão ter a experiência de ouvir o disco no cinema, com o sistema Dolby Atmos, tecnologia de som surround de alta qualidade. No Brasil, o site do Pearl Jam lista Canoas, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Rio de Janeiro e São Paulo para receber a experiência.

Foi num espaço equipado com o sistema Dolby Atmos que o Estado ouviu o 11º álbum do Pearl Jam em primeira mão, com a presença do vocalista e líder da banda Eddie Vedder. De bom humor, ele encheu copos e brindou com tequila o lançamento, depois de falar um pouco, ao lado de sua filha mais velha, Olivia. Vedder brincou que sua audição, prejudicada por anos de rock'n'roll, ficou mais abalada depois de muito tempo ouvindo o disco novo em volume alto.

"Espero que o sacrifício tenha valido a pena. Quando entramos no nosso laboratório, esperamos um milagre acontecer. Há um mistério no processo criativo. Você pode meditar ou rezar, mas às vezes acontece, às vezes, não. Dizer que houve uma certa mágica envolvida neste projeto seria um pouco de autoconfiança demais para alguém como eu, mas acho que vocês vão ouvir. Estou feliz de compartilhar esse disco", disse. "É como o alquimista chinês que, à procura da vida eterna, colocou carvão saturado e acabou descobrindo a pólvora. O laboratório pode ser um lugar aterrorizante, mas acredito que criamos algo positivo."

Ele descreveu o processo como altamente colaborativo com os outros membros da banda - Mike McCready (guitarra), Stone Gossard (guitarra), Jeff Ament (baixo) e Matt Cameron (bateria) - e com o produtor Josh Evans, que tem trabalhado com o Pearl Jam há algum tempo, mas produz para o grupo pela primeira vez. Evans também falou um pouco. "Estou muito grato de ter sido chamado, porque, convenhamos, eles podem fazer música com qualquer pessoa do mundo." O produtor também elogiou o sistema Atmos. "É muito legal porque agora vocês têm chance de escutar como ouvimos nas nossas cabeças."

De fato, com caixas de som nas laterais e no teto da NeueHouse, em Los Angeles, deu para perceber as nuances das 12 faixas de Gigaton. Mas os fãs que ficaram surpresos com o som meio Talking Heads do primeiro single, Dance of the Clairvoyants, podem ficar tranquilos. O resto do álbum é mais Pearl Jam, com o vocal poderoso de Vedder, músicas fortes na guitarra e algumas baladas - ainda que temperadas com tons psicodélicos, eletrônicos e até órgão de igreja em River Cross, que fecha o disco.

As letras alternam entre a reflexão pessoal e o "chamado às armas" - não à toa, a capa de Gigaton é uma foto de Paul Nicklen do derretimento de uma geleira na Noruega. Nas redes sociais da banda, o título do álbum é associado a números da crise climática: "O prefixo 'giga' significa 1 bilhão. Ele se aplica aos gigabytes de armazenamento do seu telefone, o gigametro do diâmetro do sol, e gigatons. Um gigaton = 1 bilhão de toneladas derretidas da camada de gelo da Antártida".

Em Retrograde, Vedder canta que os sete mares estão subindo e os futuros estão se apagando. Em Comes then Goes, que todos nos beneficiaríamos de alguém que nos salvasse do comportamento humano. A letra de Seven O'Clock diz que não é hora para depressão nem hesitação autoindulgente, porque essa situação pede toda a ajuda possível. Never Destination fala que parece ilusão o que está acontecendo e que há uma doença da confusão, de mentiras e conluio - a palavra usada para descrever a possível ajuda da Rússia na eleição de Donald Trump. River Cross também cita como o governo prospera no descontentamento.

Ao fim da audição, que Vedder passou quase toda ao lado da filha, balançando a cabeça e marcando o ritmo com os pés, ele pegou o microfone para agradecer a seus novos companheiros de bebida. "Até eu fiquei emocionado no fim", disse, emendando que "nunca tinha bebido tanta tequila depois do almoço".

Estadão
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