Por que Alex Van Halen excluiu Sammy Hagar de seu livro
Biografia focada na relação entre baterista e seu irmão, o guitarrista Eddie Van Halen, acaba em 1984 — quando eles romperam com o vocalista original David Lee Roth
O baterista Alex Van Halen surpreendeu ao lançar em 2024 um livro sobre a relação com seu irmão, o falecido guitarrista Eddie Van Halen. A história de Brothers, obra ainda sem edição nacional, naturalmente se confunde com a banda que leva o sobrenome dos músicos, uma das maiores da história do rock. Sendo assim, a carreira do grupo também é narrada.
Ainda mais inusitada foi a decisão de encerrar a história em 1984, último ano antes da saída do vocalista original David Lee Roth. A trajetória seguinte tanto dos indivíduos quanto em conjunto — que se reinventou e seguiu fazendo sucesso com o cantor Sammy Hagar — acabou ignorada por completo.
Por quê? Em entrevista ao Bringing It Back to the Beatles (via Blabbermouth), Alex explicou a decisão tomada. Para ele, a empolgação relacionada aos primeiros anos de banda se mostrou insuperável.
"A banda original era a força motriz. Essa era a conexão entre as partes díspares do mundo musical. E éramos jovens. O primeiro disco que virou platina — é incrível. Isso é algo que você nunca pode esperar que aconteça novamente. Mais tarde, foi diferente — isso é assunto para outro livro. A empolgação, a confusão, o 'tatear no escuro', todos os erros que cometemos, todas as bobagens que tivemos que suportar… e então reconhecer no final: talvez tivéssemos mais um disco dentro de nós."
Ainda em sua declaração, o baterista pontuou que a sensação de arrependimento existe e "está no fundo de sua cabeça", mas "não dá para voltar atrás". Também reconheceu que a banda fez "algumas escolhas ruins". Tudo isso representa, nas palavras do entrevistador — e enfatizadas pelo músico —, o "verdadeiro rock and roll".
"É por isso que o livro termina em 1984: porque isso era verdadeiro rock and roll. Depois disso, tornou-se algo que não consigo explicar. Não quer dizer que não tenha sido bom, mas não era a mesma coisa. [...] O exemplo de Ed era que éramos mais felizes tocando em pequenas casas noturnas do que quando atingimos o chamado 'estrelato', porque nos clubes você não tinha certeza do que estava fazendo. Rapidamente poderia mudar de direção. E é íntimo. Você está a poucos metros de distância. As pessoas estão bem ali na sua frente. E isso desaparece quando você tem um monte de seguranças."
"O espírito do Van Halen acabou em 1984"
De modo mais direto, Alex Van Halen refletiu sobre o fim de seu livro acontecer no ano de 1984 em outra entrevista, ao USA Today. O baterista disse:
"Para mim, o espírito da banda acabou em 1984. Fizemos um bom trabalho depois disso, mas o aspecto espiritual primário, a magia, o potencial, a visão do futuro juntos, todas essas coisas, nossas origens mutuamente estranhas — foi isso que fez o Van Halen. Ed e eu éramos estranhos. Dave era um estranho. Esses tipos de coisas intangíveis formam o tecido de como estávamos unidos."
Integrante da fase clássica também ignorado
Não foram apenas as fases seguintes do Van Halen que acabaram ignoradas em Brothers. Até mesmo um integrante da formação dos primeiros álbuns recebeu pouquíssimas menções: o baixista Michael Anthony.
Em entrevista ao The Guardian (via site Igor Miranda), Alex Van Halen deu uma resposta sucinta ao ser perguntado sobre a ausência quase total de Anthony na obra. Ele disse:
"Um cara adorável, mas simplesmente não fazia parte da equação."
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