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Primavera Sound aumenta espaço e faixa etária, na mão de empresa criticada por turnê de Taylor Swift

Na 2ª edição em SP, que acontece neste fim de semana, festival espanhol aposta em atrações mais velhas e em mudança para Interlagos. Produtora agora é a T4F, alvo de críticas após morte de fã em show de Taylor no Rio; empresa declarou ao 'Estadão' que foi feita uma reavaliação de protocolos para o festival, que contará com distribuição de água gratuita

1 dez 2023 - 09h41
(atualizado às 13h41)
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Acontece neste final de semana (dias 2 e 3 de dezembro) o Primavera Sound São Paulo 2023, no Autódromo de Interlagos. O festival não é mais estreante: chegou no Brasil em novembro do ano passado, com uma comentada primeira edição. Por isso, deveria ser simples imaginar como será o evento.

The Killers, The Cure e Pet Shop Boys estão entre atrações do Primavera Sound SP
The Killers, The Cure e Pet Shop Boys estão entre atrações do Primavera Sound SP
Foto: Reprodução/Instagram/@thekillers/@thecure/@petshopboys / Estadão

Mas nesse caso, não é.

Não dá para se basear, por exemplo, no Primavera original. Nascido em 2001 em Barcelona, o festival começou tímido e acontecia em um dia só, como uma forma de fortalecer a cena espanhola de indie rock. Isso vinte anos atrás. Desde então, o festival deixou de ser só um evento e se tornou marca: com crescimento exponencial, o nome Primavera se tornou um produto exportado, consumido e adorado.

Entre os europeus, essa marca ganhou identidade própria. É um evento robusto, que reúne frequentadores de diferentes países na mesma medida em que traz atrações mainstream e alternativas em grandes palcos. Foi para Portugal em 2012 e, em 2022, tomou Los Angeles, Santiago, Assunção, Bogotá e São Paulo.

Mas se é possível falar sob o olhar externo, o Primavera não perdeu a aura cool, se posicionando como um festival que vê a próxima atração interessante antes de outros.

"O nosso público é aquela pessoa que gosta de música, que ama música, mesmo, gente curiosa, que gosta de novidade, não necessariamente que está só de olho no topo do pôster, mas gosta de ler as letrinhas miúdas", diz Pedro Antunes, curador do festival no Brasil.

Os artistas também enxergam isso. Vocalista do The Hives, o sueco Pelle Almqvist contou ao Estadão que o Primavera "sempre foi um dos festivais mais cool da Europa".

"O Primavera e o Lollapalooza sempre conseguiam as melhores bandas. E aí praticamente todos os outros festivais iam atrás. Todo mundo quer estar no Primavera Sound", diz.

Por isso, a responsabilidade das edições latinoamericanas é enorme. No Brasil, o Primavera ainda engatinha para revelar quem será: jovem ou adulto, rock ou pop, um sopro de ar fresco ou uma variação do evento de sempre. No ano passado, foi o festival da novidade em todos os sentidos; neste, olha mais para trás, na nostalgia dos clássicos.

A graça do Primavera Sound é que mesmo que uma pessoa vá com um objetivo ou artista em mente, a gente vai surpreendê-la e fazê-la minimamente ser impactada para conhecer algo novo".

Em 2022, os artistas eram, em sua maioria, novos, despontando. Muitos eram principiantes no quesito Brasil. Desta vez, muitas bandas acumulam décadas de carreira. Para boa parte delas, um show no palco de um festival internacional não é novidade, tampouco redefine suas trajetórias. Mas o festival as fortalece e, em alguns casos, renova.

É o caso do Bad Religion, banda que não começou agora - nem com festivais, nem com o Brasil, nem para os seus fãs. Para o vocalista, Greg Craffin, o Primavera é uma oportunidade. "Tocamos com energia dos pequenos clubes, porque é onde nascemos e continuamos a tocar nesse estilo", diz. "Mas para quem nos vir, verá imediatamente que, mesmo nos maiores palcos do mundo, não é um som de clubes. O Bad Religion sempre fez um som grandioso".

"Nos clubes, nosso som é maior que o clube. E funciona bem em um palco grande de festival. Então, você consegue um grande som sem uma grande atitude, uma representação mais honesta do que talvez alguns de nossos colegas", conta.

Para Almqvist, é nesse tipo de festival que o The Hives se consagra. "Acho que nossa banda é a única que faz o que a gente faz. É quase como rock demais para um palco pequeno", brinca. "Estamos quase em um ponto em que somos melhores nos palcos maiores, para mais pessoas. Eu sou um pouco megalomaníaco, para mim, para quanto mais pessoas pudermos tocar, melhor".

Em suma, o Primavera parece funcionar a favor daqueles que têm um tempo de estrada, com confiança para administrar um palco como esse - e para seduzir pessoas curiosas.

"É disso que a gente gosta. As pessoas vão ao show de suas bandas preferidas, e antes delas tocarem, a gente toca. E eles não conseguem não perceber a gente", diz Almqvist. "Acho que é assim que a gente se popularizou, conquistando públicos em festivais".

Retração no projeto, expansão no espaço

A programação também está mais concentrada neste ano. Em 2022, a versão paulista do Primavera seguiu a linha do espanhol e trouxe, além dos palcos principais, um de eletrônica e um em auditório - nesse último, era possível acompanhar apresentações intimistas, do jazz de Jonathan Ferr ao improviso de Hermeto Pascoal. Dito "festival para fã de música", o Primavera usava esses palcos extras para abraçar aqueles que se interessavam pela música em diversos formatos, incluindo o experimental.

Desta vez, serão três palcos, sem as adesões "diferentonas", além do TNT Club, um espaço eletrônico patrocinado. Seria possível dizer que o festival se retraiu, se o local não fosse significativamente maior: do Distrito Anhembi, o Primavera foi para o Autódromo de Interlagos.

Trata-se de um local usado à exaustão pelos grandes festivais de música em São Paulo, devido a uma infraestrutura que permite eventos desse porte. Para diferenciar o festival de outros que aconteceram no mesmo espaço, a T4F afirmou que reimaginou o Autódromo. "Estamos focados em criar uma atmosfera única que reflete a essência do Primavera - desde a decoração e layout do espaço até experiências interativas", declarou a empresa.

Mesmo com infraestrutura para grandes eventos, o local não é sempre querido pelos frequentadores. E na verdade, em sua utilização mais recente, Interlagos causou diversos problemas a quem estava no The Town.

A familiaridade pode ser um problema ou uma vantagem. Sem a promessa da novidade, a produção terá de lidar com uma expectativa (muitas vezes negativa) já conhecida pelo público. Pode impressionar onde se esperam falhas, claro. Mas também pode oferecer as dificuldades de sempre.

O novo primeiro Primavera Sound São Paulo

A segunda edição do Primavera Sound São Paulo tem pouquíssimas segundas vezes. Não há continuidade para se basear e, na verdade, com tantas alterações, pode-se esperar de tudo. Talvez para aqueles que sentem falta da edição anterior - ou para os que querem novidades -, seja melhor pensar assim: este é o novo primeiro Primavera Sound em São Paulo.

A partir deste sábado, ao que tudo indica, começa a nova empreitada do festival no Brasil. O Primavera Sound 2022 foi um acontecimento isolado. O verdadeiro test drive é agora.

Estadão
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