Pulei, cantei, chorei: como vivi a despedida de Sandy e Jr.
Os melhores momentos e a emoção da despedida da dupla, que celebrou seus 30 anos da carreira em turnê especial, segundo uma "repórter-fã"
Emoção. Não dá para não pensar no último show de Sandy e Junior e sentir algo diferente. Mas para quem é fã da dupla, a experiência de testemunhar a última apresentação dos irmãos Lima começou antes, a caminho do Rio de Janeiro. Já na rodoviária do Tietê, em São Paulo, era fácil reconhecer quem viajava até a Cidade Maravilhosa com o mesmo propósito que o meu. O 18º show da turnê Nossa História, que comemorou os 30 anos da carreira deles, pode ter sido no Parque Olímpico, mas cada sotaque diferente que eu ouvia deixava mais claro a grandiosidade do evento. Foram mais de 100 mil pessoas, unidas, emocionadas, para se despedir dos dois. E como elencar os momentos favoritos?
Pode ter sido na contagem regressiva que antecedeu todas as apresentações das 13 cidades que receberam a turnê. No começo de cada uma delas, faltando 30 minutos para Sandy e Junior subirem ao palco, vídeos de arquivo pessoal e do início da carreira eram mostrados nos telões. Um lembrete de como tudo começou, inclusive o amor.
Mas também pode ter sido na pausa intencional entre o primeiro e segundo verso de Não dá para não pensar, single do álbum Sandy & Junior, de 2001, que abriu todos os shows. Foi nela que toda a espera dos fãs se manifestou, em uníssono, continuando, no silêncio da dupla, o resto da música. Mas pra mim, o que vai ficar marcado mesmo é quando Junior retoma a música do segundo verso, cantando ‘tá cada vez mais difícil não poder te ver’, no seu próprio tempo. Foi como se eles dissessem: "calma, esse momento é nosso, vamos aproveitar cada instante".
Acho que talvez pode ter sido quando eu olhei pra minha melhor amiga e vi que, como eu, os seus olhos estavam marejados; muitos olhares brilharam naquela noite. E a cada música, assim que tocada, me fazia pensar que era a minha favorita, apenas até a outra começar, que, no fim das contas, também era a minha preferida, e a seguinte, e a seguinte... E então perceber que era a última vez que estávamos todos, as mais de 100 mil pessoas, escutando a nossa música favorita ao vivo pela última vez, para só começar a se emocionar de novo.
Também é um dos meus momentos favoritos os solos do Junior. Libertar, do álbum Identidade, lançado em 2003, é uma das canções que mais me comove hoje em dia. É sobre o amor, é claro, mas é ainda sobre tanta coisa. E, claro, a música Enrosca, regravada em estúdio para Quatro Estações - O Show, em 2000, que esquentou tudo por lá, assim como o seu solo na bateria.
Também pode ter sido no momento acústico que, diferentemente do show de São Paulo que eu vi, levou a dupla para o meio da multidão, em uma espécia de “palco B”. Ou então quando os atores Paulo Vilhena, Karina Dohme, Camila dos Anjos, Bruna Thedy, Fernanda Paes Leme, Wagner Santistebam e Igor Cotrim encenaram, em uma animação, um reencontro em um grupo de WhatsApp, apenas como prelúdio para recebermos o single Eu acho que pirei, do álbum Sonho Azul, de 1997, que foi música tema do seriado Sandy & Junior, exibido na Globo entre 1999 e 2002.
Com certeza foi quando eu vi a emoção em Sandy e em Junior, quando suas vozes embargaram, ou quando se abraçaram, trocaram olhares, abraços e, sobretudo, carinho. Há 18 anos, eles contaram, subiram naquele mesmo palco para se apresentar em um dos maiores shows de suas vidas, dentro do Rock in Rio. Mas naquele sábado, dia 9 de novembro de 2019, eles fizeram um Rock in Rio só deles.
Foi também quando pulamos, todos juntos, para celebrar a despedida, e a cada momento que o talento do multi-instrumentista Junior e que a voz de Sandy nos tirava o fôlego. O último show de Sandy e Junior terminou com um gostinho de quero mais, que talvez nem o especial dos bastidores da turnê, que será exibido na Globoplay em 2020, possa satisfazer. Mas ele também nos deixou uma certeza que a dupla há muito tempo canta: o que é imortal, ah! o que é imortal, não morre no final.