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'Tentar imitar Frejat ou Cazuza seria um desperdício', diz vocalista do Barão Vermelho

Atração do Rock In Rio, o grupo fala ao 'Estadão' sobre as reinvenções após as saídas dos dois célebres cantores; atualmente eles se apresentam com Rodrigo Suricato na função

15 set 2024 - 09h10
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Raro exemplo de reinvenção no rock mundial, o Barão Vermelho é daquelas bandas que crescem nos momentos de adversidades, ao lado de Genesis, Van Halen e AC/DC, por exemplo, que mantiveram o sucesso após as saídas dos vocalistas originais. No caso do grupo carioca, criado em 1981, foram superadas as baixas de dois dos maiores artistas da música nacional, Cazuza (1958-1990) e Frejat.

Mesmo com os percalços, o Barão continua na estrada com a mesma força de outrora. Mais do que isso, nunca caiu na armadilha de imitar a si mesmo. Desde a chegada do vocalista Rodrigo Suricato, em 2017, parece ter ganhado uma nova identidade, mas sem abrir mão da essência despojada eternizada em clássicos atemporais como Bete Balanço, Puro Êxtase e Por Você. O sucesso é comprovado na agenda de shows lotada e no frescor do disco mais recente, Viva (2019).

Cazuza, Rodrigo Suricato e Frejat - os três cantores que passaram pelo Barão Vermelho
Cazuza, Rodrigo Suricato e Frejat - os três cantores que passaram pelo Barão Vermelho
Foto: Anna Stewart/Estadão; Taba Benedicto/Estadão; Wilton Júnior/Estadão / Estadão

"A história do Barão hoje realmente sobrepõe os seus integrantes, pela força do repertório. Tentar imitar Frejat ou Cazuza seria um desperdício do meu potencial", diz Suricato.

"Ficou muito claro para nós, desde o início quando perdemos o Cazuza, que ninguém é insubstituível", conta o baterista Guto Goffi, um dos barões fundadores ao lado do tecladista Maurício Barros. "Quando o Frejat assumiu os vocais, ele nunca soou igual ao Cazuza. Ele respeitou as melodias, mas cantou do jeito dele, com voz mais grave. Quando chamamos o Rodrigo, também não queríamos que ele soasse igual ao Frejat nem ao Cazuza", acrescenta Barros.

A formação atual do Barão Vermelho, com Fernando Magalhães, Rodrigo Suricato, Guto Goffi e Maurício Barros
A formação atual do Barão Vermelho, com Fernando Magalhães, Rodrigo Suricato, Guto Goffi e Maurício Barros
Foto: Divulgação/Leo Aversa / Estadão

O conjunto é uma das atrações do Rock In Rio neste domingo, 15, único dia dedicado ao gênero que batiza o festival. Também são aguardadas as performances de Evanescence, Planet Hemp + Pitty, Journey, Avenged Sevenfold e Deep Purple.

"Era um sonho nosso voltar a tocar no Rock in Rio. Ano passado chegamos a tocar no The Town, que é um festival primo do Rock in Rio e já foi uma ótima experiência para demonstrarmos não só o poder do Barão, mas também ver as pessoas cantando, pedindo um bis. Foi algo surpreendente e gigantesco", lembra Barros.

Memórias de 1985

A apresentação da banda na primeira edição do festival, em 1985, compartilhada com gigantes como Scorpions, AC/DC, Queen e Yes, é celebrada até hoje e permeada de boas lembranças.

"Além de ver o piano do Freddie Mercury, lembro-me de um momento marcante que foi na passagem de som à tarde, de cruzar com Malcolm Young [falecido guitarrista do AC/DC]. Foi maravilhoso estar vendo ali um cara que eu curtia o som", rememora o tecladista de 60 anos.

"Teve também a questão do show de 15 de janeiro, foi o dia que o Tancredo Neves foi eleito pelo colégio eleitoral e o Brasil estava saindo de uma ditadura militar desde 1964. Todos os sentimentos que viram a ser expostos por essa geração do rock dos anos 80, nas letras e atitudes, têm muito a ver com essa data", complementa Goffi.

Ao final daquele show histórico, encerrado com o hit Pro Dia Nascer Feliz, Cazuza disse: "Que o dia nasça lindo para todo mundo amanhã. Um Brasil novo, com uma rapaziada esperta".

Sinal de que 'toda brincadeira não devia ter hora pra acabar', a força dessa geração mantém-se viva mais de quatro décadas após o estouro. E as razões para grupos como Titãs, Os Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, IRA!, Capital Inicial, Kid Abelha, além do Barão, seguirem relevantes variam desde a qualidade artística até a nostalgia.

"Temos que falar sobre a consolidação desse repertório dentro da memória afetiva brasileira. Antigamente, as coisas se perpetuavam muito mais dentro do peito das pessoas. Também tem algo muito interessante que vem com o fenômeno das redes sociais, essa mistura do velho com o novo. As pessoas estão redescobrindo artistas como Djavan, Ritchie, Fleetwood Mac. Então, essa mistura é um dos fatores que fazem as pessoas quererem comprar ingresso para shows de bandas mais antigas", explica Suricato.

Estadão
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