Roger Waters regrava "Dark Side..." sozinho e incendeia briga pelo legado do Pink Floyd
David Gilmour respondeu com acusações de antissemitismo, misoginia e megalomania à iniciativa do ex-companheiro de banda
Roger Waters e David Gilmour tocaram juntos e dividiram a liderança do Pink Floyd por 15 anos, entre 1968 e 83, quando o grupo realizou 90% do que lhe garantiu o gigantismo no pop mundial. Separados, chegamos ao 40o ano em que os dois vivem de brigas e relegam o Pink Floyd a um campo de batalha. O novo movimento nessa guerra partiu de Roger Waters, ao anunciar que está regravando sozinho o álbum "Dark Side of the Moon", que completa 50 anos neste 2023.
O disco ganhou fama como o melhor da trajetória da banda, como o clássico inalcançável da capa do prisma. Só que não é. Bem escutados, até por quem não é fã de prog rock (eu), o "Wish You Were Here"(1975), "The Wall" (79) e o "Piper at the Gates of Dawn" (estreia ainda com Syd Barrett, de 1968) estão na frente.
O "Dark Side…" ganhou aura até mística. É clássica a história de que tocado simultaneamente ao filme "Mágico de Oz", de 1939, a sincronia é quase perfeita. E é mesmo. Fiz o teste (dos minutos iniciais e constatei).
Talvez por isso até o baixista lançou a provocação de regravá-lo sozinho, já que reivindica como obra dele e de ninguém mais.
Ganha força com o crescimento recente de popularidade da melhor música do disco, "The Great Gig in the Sky", principalmente entre adolescentes do TikTok. Até eu fiquei curioso para saber o que virá da música regravada, assim como das outras duas bem legais do álbum, "Us and Them" e "Eclipse".
Convenhamos que as que viraram clássicas, "Time", "Money", são bem das chatinhas.
Aí o angu desandou quando o núcleo Gilmour ficou #xateado, a mulher deste, Polly Samson, tuitou que Waters não passa de um "mentiroso", "ladrão", antissemita", "misógino", megalomaníaco"e daí pra baixo. O marido não passou pano e retuitou, endossando.
Quem já escutou o caminho para onde está indo a regravação - o único de que se tem conhecimento é o jornalista Tristam Saunders, do "Telegraph" - jura que tem coisas "muito boas" sendo paridas.
Muito bom seria se os dois senhores quase octogenários - Waters tem 79 e Gilmour, 76 - cuidassem com mais carinho da história da banda e dos próprios legados.
Ao outro vértice da banda, o baterista Nick Mason, teremos acesso ao relato no final do mês, quando a editora Belas Letras solta por aqui o livro "Inside Out - Minha História com o Pink Floyd". É ler para constatar.