Saulo reafirma sucesso da carreira solo no Festival de Verão de Salvador
Um ano depois de seu último Festival de Verão à frente da Banda Eva, o cantor Saulo Fernandes reafirmou o sucesso de sua carreira solo num show que arrebatou o público do evento mostrando o que a crítica musical chama, em coro, de a nova cara da música baiana. Com um espetáculo cheio de arte, incluindo a apresentação de um coral e uma orquestra, o baiano fez o Parque de Exposições parar. Mesmo assim, fez questão de evitar qualquer estrelismo quando chamado de novo rei do axé. "Não sou rei de nada e nunca serei. Sou plebeu por excelência", disse.
Saulo chegou ao festival acompanhado do filho mais velho, João, cerca de uma hora antes de subir ao palco. Depois de sua preparação habitual, abriu o show acompanhado de um coro de vozes e, como tem sido sua marca, mostrou variedade no repertório e na própria direção do espetáculo.
"Um dos motivos de mudar, de seguir carreira solo, é abrir os horizontes e lançar um novo olhar sobre o trabalho, por isso tento trazer algo totalmente novo, especialmente para o Festival, que tem um público tão diverso", afirmou. O repertório, além de sucessos do Eva, trouxe homenagens ao "axé das antigas", como Faraó e Lá Vou Eu, e um pout-pourri de Dorival Caymmi, incluindo Maracangalha e Samba da Minha Terra.
Uma das provas da consolidação da carreira solo do cantor foi a participação do público durante a execução de músicas lançadas em 2013, como Agradecer, Raiz, Vu e Rua do Sossego. Nesta última, Saulo surpreendeu sua segurança descendo sem avisar para o meio de um público de pelo menos 15 mil pessoas. Ao contrário do que seria esperado, apesar da correria da equipe, não houve tumulto nem empurra empurra. "Meus fãs são muito carinhosos. Não tem essa euforia exagerada, essa histeria", comemorou.
Em entrevista ao Terra no Festival de Verão 2013, o cantor afirmou que a carreira solo seria de ainda mais trabalho e desafios. Agora, ele confirma a previsão, mas garante que é só o começo. Ele conta que a experiência de cuidar da própria carreira, e até do próprio dinheiro, é cansativa e desafiadora, mas garante não carregar arrependimentos. "Eu estou começando, estou aprendendo tudo. É muita ralação e nenhum glamour. Agora mesmo, estou aqui, mas doido pra ir para casa ver meus filhos", disse. Apenas este mês, Saulo produziu três shows diferentes.
Durante este ano de novas experiências, Saulo afirma que o melhor fruto foi redescobrir a importância da música e a força do axé. Em sua opinião, o mecanismo que promove a música de carnaval da Bahia está esgotado, mas não sua matéria prima.
"Eu voltei a colocar a música no centro e vejo pessoas como Tomate, Levi Lima (Jammil) e Filhos de Jorge produzindo muito mais do que a geração anterior", analisou. A mesma opinião ele tem sobre a nova fase de Bell Marques, que estará fora do Chiclete com Banana após o Carnaval. "É um mundo de possibilidades que se abre e que a gente não vê quando está na mesmice. O Chiclete foi fundamental no axé, mas pode haver outras coisas", afirmou.
A saída de Saulo da Banda Eva repete a trajetória da amiga Ivete Sangalo, que deixou o grupo em 1999 e desde então trilha uma carreira de sucesso. Segundo ele, a parceria dos dois começou quando ele ainda era da Banda ChicaFé e se resume a algo simples: "Eu gosto de cantar com ela. Quando tira o figurino, a cenografia, a luz, a maquiagem, e fica só Ivete, ainda assim fica muito bom. E é isso que mais conta para mim", concluiu.