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Shows em drive-ins tentam conter crise durante pandemia

Com a proibição de aglomerações devido a pandemia, empresas do ramo de entretenimento buscam soluções criativas para crise no setor

17 jul 2020 - 10h08
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Lollapalooza, João Rock, Virada Cultural, festa junina… O ano de 2020 tem sido, até agora, um ano perdido para a indústria de entretenimento. Com o adiamento de todos os eventos que envolvem aglomeração de pessoas e a incerteza até mesmo sobre o réveillon e o carnaval de 2021, o setor vive uma crise sem precedentes. 

Segundo dados da Abrape (Associação Brasileira de Promotores de Eventos), mais de 3 milhões de profissionais da área podem ficar sem trabalho. A estimativa da entidade é que até outubro cada empresa associada tenha um prejuízo médio na ordem de R$ 3,1 milhões. 

A primeira solução para o rombo foram as lives. Das superproduções sertanejas a formatos mais enxutos de artistas independentes, passando por festivais de música totalmente onlines, a causa foi abraçada por patrocinadores, e iniciativas solidárias reverteram fundos captados para profissionais do entretenimento que perderam seus trabalhos. E, por um algum tempo, deu certo.

Mas a verdade é que as pessoas se cansaram das lives. Com a extensão inesperada da quarentena e a consequente impossibilidade de realização de eventos, o jeito foi inovar. E a solução parecia estar num costume lá das décadas de 50 e 60: os drive-ins. No Allianz Parque, em São Paulo, todos os eventos musicais programados, para até 19 de julho, estão com ingressos esgotados. Sucesso de público.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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No show do rapper Marcelo D2, aplausos foram substituídos por buzinas.

Como funciona

No Allianz Parque, em São Paulo, o Arena Sessions oferece uma programação variada no formato drive-in. De filmes a shows de artistas consagrados, o público tem a opção de curtir entretenimento na segurança de seu carro. O preço? Até R$550 por carro, que pode conter no máximo quatro ocupantes.  Considerando a capacidade de 285 carros na arena, o público pode chegar a 1140 pessoas por show. Mas é seguro frequentar esse tipo de evento durante uma pandemia?

Segundo Marcio Flores, diretor de marketing e inovações do Allianz Parque, a arena respeita todos os protocolos de segurança dos governos do Estado e do município, além de tomar medidas adicionais. Todos os presentes devem ter a temperatura corporal aferida, com resultado abaixo de 37,5 graus. Os carros devem manter uma distância de segurança entre si e, para a utilização dos banheiros, o público deve enviar a solicitação para um número de WhatsApp, no qual um concierge virtual direciona a pessoa para um dos pontos de encontro localizados nas laterais do gramado. Tudo isso para minimizar o contato e as aglomerações entre os presentes. Novo normal?

Público em carros assiste à apresentação da banda mineira Jota Quest.
Público em carros assiste à apresentação da banda mineira Jota Quest.
Foto: Instagram/Allianz Parque

Os aplausos foram substituídos por buzinas. Os isqueiros e luzinhas de celular em canções mais emocionantes, pelo farol. Até a fila do bar para pegar uma bebida foi substituída por um aplicativo de celular que permite que um funcionário do evento leve seu pedido diretamente à sua janela. Nesse esquema, se apresentaram artistas como Anavitória, Belo, Marcelo D2 e Jota Quest. 

Show da banda mineira Jota Quest em formato de Drive-in no Allianz Parque.

Feedbacks positivos e bilheterias esgotadas

“Os resultados têm sido ótimos! Tivemos o apoio e patrocínio de marcas importantes no cenário brasileiro para viabilizar o projeto. Além disso, temos um retorno de imagem com repercussão de mídia significativa. E, por fim, a avaliação da diversidade de conteúdos que estamos trazendo tem gerado feedbacks muito positivos e bilheterias esgotadas.” afirma Marcio Flores. 

Nas mídias sociais, todavia, os comentários são diversos. O cantor Nando Reis, por exemplo, recebeu críticas em suas redes por realizar um show no modelo drive-in durante o pico de infecções da pandemia do novo coronavírus. Em resposta, sua equipe se manifestou no Twitter afirmando que a realização do evento permitirá que pessoas que estão há mais de quatro meses paradas possam ser remuneradas pelo serviço prestado, e que em nenhum momento houve descaso do artista com a situação comovente pela qual passa o país.

Para a redução do impacto econômico no mercado, a Sympla, maior plataforma online de eventos da América Latina, trouxe o projeto “Sympla Streaming”. De acordo com Tereza Santos, diretora de serviços da empresa, o serviço é uma ferramenta de transmissão online que já possui mais de 2 mil eventos cadastrados, com crescimento diário desde seu lançamento. Com isso, o produtor pode vender ingressos pela plataforma e realizar seu evento remotamente. 

Seja por meio dos drive-ins ou da realização de eventos online, como é o caso da CCXP, maior evento de cultura geek do Brasil que terá sua edição 2020 completamente virtual, a situação não é nada animadora para os profissionais do entretenimento. Só no mercado informal, há cerca de 5 milhões de prestadores de serviço atuando no setor, afirma o presidente da ABRAPE, Doreni Caramori. Ao que tudo indica, o “novo normal” não deve passar até a chegada de uma vacina contra o coronavírus.

Até lá, só podemos esperar. E, se for de seu interesse, aperte os cintos, estacione o carro e feche os vidros para ver seu artista preferido no drive-in mais próximo de você.

Fonte: Redação Terra
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