Sony Music homenageia Martinho da Vila e lança raridades no streaming
Discos célebres e materiais inéditos do lendário sambista estreiam nas plataformas digitais
No Mês da Consciência Negra, a Sony Music homenageia uma das grandes estrelas de seu catálogo nacional: o sambista Martinho da Vila. Graças a esse tributo, raridades e discos célebres do cantor e compositor carioca lançados pela gravadora e até então inéditos no streaming estrearam nas plataformas digitais.
Na lista de lançamentos que chegam ao streaming, estão nove álbuns de Martinho, sendo dois compactos e duas compilações. São eles: os discos Rosa do Povo (1976), Portuñol Latinoamericano (1980), Martinho da Vida (1990), Vai Meu Samba, Vai! (1991), O Pai da Alegria (1999); o compacto Martinho da Vila, de 1970, com as faixas Glórias Gaúchas, Nego Vem Sambar, Quero Ver Quebrar e Fim de Reinado.
Também estão incluídos o compacto de 1971, com as faixas Ouro Mascavo (Unidos de Vila Isabel - Samba-enredo 1971) e Samba da Cabrocha Bamba e as compilações Vinteum XXI - 21 Grandes Sucessos - Martinho da Vila, de 2000, e RCA 100 Anos De Música - Martinho Da Vila, de 2001.
Esse resgate é fruto de uma iniciativa da gravadora, intitulada Projeto de Digitalização do Catálogo, que envolve um minucioso trabalho de pesquisa de discografias, álbuns e raridades dos arquivos da Sony Music Brasil, sob a gerência do Departamento de Estratégia de Catálogo, que é responsável por cuidar do catálogo local e internacional da gravadora.
Com o Projeto de Digitalização do Catálogo, a Sony Music foca no resgate, a preservação e a perpetuação da memória da música brasileira, levando de volta ao grande público obras de relevância.
A ascensão e estrelato de Martinho da Vila, uma das maiores vozes do samba
Com a obra de Martinho da Vila, não poderia ser diferente: nascido em Duas Barras, no Rio de Janeiro, em 1938, Martinho ganhou destaque no histórico III Festival de MPB, realizado pela TV Record em 1967, com a canção Menina Moça, que chegou a ser classificada para a fase eliminatória.
Em 1968, ele emplacou seu primeiro sucesso, Casa de Bamba. No ano seguinte, lançou o LP de estreia, Martinho da Vila, pela gravadora RCA Victor, que atualmente pertence à Sony Music, inaugurando ali uma longeva e bem-sucedida parceria com a companhia, que rendeu muitos álbuns clássicos - e fundamentais na história da MPB.
A muitos desses títulos de Martinho da Vila lançados pela Sony que já estão disponíveis nas plataformas digitais, juntam-se agora os nove álbuns do sambista resgatados pelo projeto da gravadora.
Seus primeiros compactos, de 1970 e 1971, revelam um jovem Martinho iniciando o que seria uma longa jornada no samba - de respeito e devoção -, mas já indicando um estilo muito próprio de compor e de cantar, entre a malandragem e a sofisticação, ao qual ele se mantém fiel até os dias de hoje.
Martinho canta o amor romântico, as mulheres, suas musas, mas também fala sobre sua gente e, claro, sobre o carnaval na avenida. Afinal, ele é uma das figuras ilustres ligadas à sua amada escola de samba Vila Isabel.
Nos trabalhos seguintes, como em Rosa do Povo (com produção irretocável de Rildo Hora e capa sempre histórica de Elifas Andreato), de 1976, os temas caros a ele em suas canções se consolidam e a musicalidade se amplia, com a popularização dos partidos altos e dos sambas-enredos, mas também com os flertes com outros estilos.
No álbum Martinho da Vila, de 1990, ritmos como forró e samba de gafieira reforçam esse cenário musical diverso.
Já Portuñol Latinoamericano, de 1980, traz a rara oportunidade de ouvir a voz do sambista cantando versões de seus clássicos em espanhol, misturado com português, ou, como bem diz o título do disco, em portunhol. Em Vinteum XXI - 21 Grandes Sucessos - Martinho da Vila, de 2000, e RCA 100 Anos De Música - Martinho Da Vila, de 2001, funcionam mais do que simples coletânea: são curadorias assertivas do the best do cantor.
Um dos principais símbolos da cultura negra no Brasil - cuja representativa inspira e cativa novas e antigas gerações de públicos -, Martinho da Vila exalta sua ancestralidade não só por meio da música, que o faz buscar e entender suas raízes africanas desde os anos 1970, mas também como escritor e pesquisador de sua própria história.