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System of a Down: por que Serj Tankian não quer mais fazer turnês

Banda confirmou três shows no Brasil e passagens por outros países das Américas para 2025, mas ritmo tem sido reduzido — e cantor explica razões

18 dez 2024 - 16h48
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Foto: Serj Tankian, do System of a Down ( Kevin Winter / Getty Images) / Rolling Stone Brasil

Apesar dos teasers e boatos nos dias em que antecederam o anúncio, surpreende que o System of a Down tenha confirmado uma turnê de sete datas pela América do Sul para 2025. Três desses shows acontecem no Brasil, mais especificamente em Curitiba (Estádio Couto Pereira - 6 de maio), Rio de Janeiro (Estádio Nilton Santos - 8 de maio) e São Paulo (Allianz Parque - 10 de maio).

Antes disso, haverá ainda outras quatro apresentações, na Colômbia, Peru, Chile e Argentina. E, nos meses seguintes, eles sobem ao palco mais seis vezes, na América do Norte. Será o ano mais ativo de shows do SOAD desde 2017.

A notícia surpreende porque, desde seu retorno em 2011, o System of a Down tem realizado poucos shows, normalmente em ritmo que não se assemelha ao de uma turnê. Ao longo dos últimos 13 anos, a banda se apresentou 118 vezes — com média de uma performance a cada 43 dias. Em comparação a outros artistas e grupos da mesma geração, é pouco. Tem quem suba ao palco 118 vezes em um ou dois anos.

O "culpado" é Serj Tankian. O vocalista tem deixado em entrevistas ao longo dos anos que o SOAD não retomou a agenda dos tempos pré-rompimento por decisão dele. E quando um não quer, dois não brigam, ao menos no momento atual.

Serj Tankian
Serj Tankian
Foto: Daniel Knighton / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Em entrevista à Metal Hammer, o cantor foi convidado a compartilhar alguns dos ensinamentos que aprendeu ao longo de seus mais de 25 anos de carreira. Um deles é bastante peculiar: saber falar "não", o que tem tudo a ver com o momento atual da banda. Ele explica:

"Aprendi a dizer 'não' como artista e como ser humano. Quando você é jovem e as coisas continuam chegando até você, você realmente não sabe como fazer isso. Parece que você vai perder, mas agora estou feliz em deixar as coisas passarem."

Em seguida, vem o porquê de não haver mais turnês. A justificativa é bem simples: ele simplesmente não quer mais fazer isso.

"Eu disse 'não' para turnês e deixei algumas oportunidades passarem porque elas não são o que eu realmente estou interessado em fazer. Estou mais claro sobre minha visão ultimamente. Não quero me estressar."

O ensinamento seguinte é: fazer o que te empolga. Ou seja, o cantor não fica tão entusiasmado com as longas viagens que um astro do rock precisa fazer com sua banda.

"Eu ainda trabalho muito. Sou muito produtivo, seja fazendo música, trabalhando em um livro ou abrindo um café. Trabalhei em dois filmes e uma série de TV nos primeiros seis meses deste ano! Mas hoje em dia eu sei que tem que ser algo que realmente me empolgue, para fazer a jornada valer a pena. Se você fizer direito, é uma jornada muito longa."

Inquietude artística de Serj Tankian

Em entrevista do início deste ano para o canal Soul Boom with Rainn Wilson (via site Igor Miranda), Serj Tankian se aprofundou um pouco mais nas razões. Inicialmente, o cantor disse que mesmo antes do rompimento do System of a Down, em 2006, desejava reduzir o ritmo de atividades.

"Tivemos um sucesso incrível e inesperado para esse tipo de banda. Nosso álbum Toxicity e a turnê em 2001 foram gigantes. Gravamos Mezmerize e Hypnotize e os lançamos com intervalo de seis meses um do outro em 2005 e 2006. Antes dessas sessões, eu disse: 'Caras, preciso parar com esse ciclo de álbuns, turnês e publicidade promocional. Quero fazer minhas próprias coisas, tenho outras aventuras artísticas que quero embarcar'."

Em meio a esse desejo pela desaceleração, Serj começou a ter divergências artísticas com o guitarrista Daron Malakian, o que levou ao fim da banda em 2006. Quatro anos depois, anunciaram uma reunião, com shows a partir de 2011. Este retorno foi visto como algo mais saudável pelo vocalista, justamente porque o ritmo está menos intenso — ainda que, em suas palavras, nem todos gostem de trabalhar assim.

System of a Down em 2014
System of a Down em 2014
Foto: Kevin Winter / Getty Images for CBS Radio / Rolling Stone Brasil

Turnês com System of a Down: do físico ao criativo

Também durante a entrevista, Tankian admitiu que limitações físicas e "redundâncias criativas" o deixam fora das turnês. Ele até mesmo citou o saudoso David Bowie para reforçar seu argumento.

"Sou a pessoa que menos quer fazer turnê. Parte disso é físico, por ser cansativo. Já faço isso há 25 anos, sofri uma cirurgia nas costas tempos atrás. Também há o fato de ser artisticamente redundante depois de um tempo, você fica se repetindo. David Bowie disse uma vez que as duas primeiras semanas de cada turnê são criativas e depois fica redundante. Ele tinha razão. Gosto de tocar com os caras. Quando é algo esporádico fica realmente divertido, porque não há a pressão da longa turnê e imprensa. Apenas ensaiamos, fazemos piadas idiotas, comemos juntos e vamos para o show."
Foto: Clemente Ruiz / Rolling Stone Brasil

Família

Em outra entrevista, ao Live Signing, Serj apontou uma razão ainda mais importante: a proximidade com a família. Um artista de longas turnês não consegue estar próximo de cônjuge e filhos da forma como gostaria. Desde 2012 ele é casado com Angela Madatyan. Dois anos depois, eles tiveram um filho.

"Você poderia levar a família junto se estivesse fazendo uma pequena turnê, eu acho. E isso é algo que fizemos quando nosso filho era muito pequeno. Mas é apenas uma questão de priorizar a vida e o que você realmente quer fazer. [...] Para mim, fazer coisas diferentes de forma comedida me permite ser mais criativo do que pegar algo repetitivo e fazê-lo por um longo período. E isso inclui tudo o que faço."
Serj Tankian
Serj Tankian
Foto: Kevin Winter/Getty Images / Rolling Stone Brasil

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