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"Tenho saudosismo da simplicidade", diz Siba sobre cenário musical

2 out 2013 - 10h41
(atualizado em 3/10/2013 às 19h19)
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Nascido em Recife (PE) e com forte ligação com suas origens rurais, Siba, um dos principais mestres da nova geração do maracatu e dos cirandeiros, lançou no ano passado o álbum Avante, com uma presença forte de guitarras e um ímpeto muito mais rock'n'roll. Com muitos anos de estrada, oito turnês europeias, indicação ao Grammy e tudo mais, o músico pernambucano tem saudade mesmo é da simplicidade de fazer festas com carro de som ligado e um microfone, uma gambiarra daquelas.

"Com muito pouco, tudo era possível. Você cantava uma noite inteira de maracatu com um carro de som ligado e um microfone somente. Era uma puta festa com uma gambiarra ligada na rua. Uma estrutura tão pequena que proporciona algo tão legal. Menos pra mim é muito mais. Às vezes, me sinto estranhando o meio que trabalho. Estruturas grandes, luz, som imenso e tanta coisa ao redor. Nada disso é tão necessário assim. Tenho esse saudosismo da simplicidade. Ainda continuo vivendo isso no maracatu. O público na mesma linha do seu olhar. Só quem pratica esse tipo de arte sabe como é essa interação direta do artista com o público", afirmou o cantor, em entrevista, após sua participação no Terra Live Music Especial Natura Musical, nessa terça-feira (1º).

Veja íntegra do Terra Live Music - Natura Musical com Siba:

Conhecido por seus trabalhos ligados ao projeto Fuloresta, que teve lançados dois álbuns completos, além de um EP, Canoa Furada (2009), Siba fez diversas turnês no exterior e se prepara para mais uma: na próxima semana fará dois shows na Inglaterra e um na França. "Até hoje eu fiz na Europa uma música muito direta e dançante com o Mestre Ambrósio. Nunca tive problema com a frieza. Claro que há uma diferença do público de Recife, que é reativo e íntimo imediatamente", disse sobre as diferenças de tocar por lá e por aqui.

"Estou acostumado com essa situação da estranheza. Acredito muito que a música possibilita isso. Melodia e ritmo é uma coisa que quebra a barreira da linguagem. Avante tem bastante disso. É uma música baseada no ritmo e na melodia que tem bastante da minha história nela. Acredito que terá muita comunicação direta. E tem a coisa de ter o lado elétrico da guitarra, que acho que pode aproximar algumas pessoas que tem menos facilidade de transpor essa distância das sonoridades. Talvez ela até expulse por ser mais uma guitarra no mundo", opinou.

E se tem uma coisa que Avante tem como marca registrada são as guitarras para todos os lados. "Foi intencional. Totalmente intencional. Mas teve menos a ver com a guitarra em si do que com a minha necessidade de ter um instrumento que desse conta de costurar o que eu estava querendo construir com a música. A rabeca não se prestaria tão bem a isso, por ser um instrumento tão limitado na minha mão. Eu gosto de tocar rabeca, sou muito versátil, mas dentro de um campo muito limitado. A guitarra não. As impossibilidades da guitarra são infinitas. Primeiro foi uma coisa pragmática de ter a guitarra como um instrumento que seria possível fazer e depois a retomada de uma paixão de adolescente, de moleque. Foi muito forte, me tomou bastante. Estou muito envolvido com a guitarra neste momento".

Sobre os planos para o próximo ano, Siba ainda pretende divulgar Avante por mais algum tempo. "Estou bolando um próximo projeto, mas a gestação é longa. O próximo ano, boa parte ainda é do Avante. Ainda  tem continuidade. Ainda temos que rodar fora do país e tem lugar que a gente ainda não chegou. O próximo ano é de Avante, mas, ao mesmo tempo, voltar a elaborar coisas e botar a mão na massa para um trabalho novo", disse.

Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

Enquanto se dedica à turnê do último álbum, o músico pernambucano compõe na estrada mesmo. "Não dá pra organizar a vida pra fazer uma coisa de cada vez. Ao mesmo tempo que a gente não vive só na estrada. A gente vai e volta. Dificilmente fazemos estrada muito longa. O processo criativo acaba se misturando nisso. Tem uma parte que se faz em casa por causa do equipamento de gravação. Na estrada, com alguma coisa que pode carregar, com um caderno de gravação no metrô ou ônibus ou no carro grava uma ideia com celular".

Siba é daqueles músicos que defendem a pluraridade de estilos, não tem medo de ousar e misturar, mas não pretentede se afastar dos ritmos que o consagraram. "Não penso em função de estilo. Não construo uma ideia ou conceito a partir de estilo. Claro que A Fuloresta você pode até dizer que é dedicada a um estilo específico, aos ritmos da mata norte, ciranda, maracatu e tal. Ali sim está focando em um gênero. Tenho um saudosismo muito grande daquela lógica. Uma música muito orgânica que é um transporte de uma poesia que não termina nunca", finalizou.

Fonte: Terra
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