Thiago Amud lança "Enseada Perdida" com Caetano Veloso e Chico Buarque
Álbum produzido pela Rocinante chegou ao público nesta quarta-feira (29 de janeiro) em vinil e nas principais plataformas de streaming
Enseada Perdida, o novo álbum de Thiago Amud, chegou ao público nesta quarta-feira (29 de janeiro). Com lançamento em vinil e também nas principais plataformas de streaming, o disco marca o início das atividades da gravadora Rocinante em 2025.
Em Enseada Perdida, o artista propõe um passeio pelas diferentes maneiras de criar música brasileira, com toques de frevo e rock, passando também por ritmos do Candomblé. Essa viagem conta com a participação ilustre de Chico Buarque e Caetano Veloso.
Às vésperas do carnaval, o abre-alas do disco foi o single "Baía de Janeiro", um samba enredo lançado no último dia 15.
Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Thiago Amud explicou como a faixa se conecta com o álbum:
O título que eu escolhi para o disco está nessa letra, que é repleta de menções a lugares e fatos da história do Rio — cidade para a qual eu estava voltando depois de três anos em Belo Horizonte. Tudo isso fez de "Baía de Janeiro" o abre-alas incontornável. As pessoas têm me escrito, parece que estão gostando. Muitas percebem que para escrevê-la houve pesquisa, houve trabalho."
A faixa escolhida para abrir Enseada Perdida foi escrita especialmente para "A Baleia", obra audiovisual ainda inédita de Felipe Bragança e Marina Meliande.
O videoclipe que acompanha o single foi concebido pela musicista e coordenadora artística da Rocinante, Jhê, junto com o cinegrafista Luca Narracci. Nele, Thiago e Luca dançam na Marquês de Sapucaí vazia sob o sol de 40 graus do Rio de Janeiro.
"Filmando, eu pensava o tempo todo no Glauber Rocha de 'A Idade da Terra'", comenta o artista.
Enquanto dialoga com a tradição dos ritmos brasileiros, Thiago imprime sua própria identidade sonora e poética. Um exemplo é o frevo "Cidade Possessa", que celebra a força vital do carnaval. A faixa conta com a participação de Chico Buarque, cuja voz lendária empresta uma carga emocional que conecta a tradição e a vanguarda da nossa música. O próprio Chico destacou a importância de apoiar novos artistas, e sua colaboração com Amud reafirma a riqueza e a continuidade da música popular no Brasil.
Outro grande destaque do álbum é "Cantiga de ninar o mar", cantada por Caetano Veloso — com quem Thiago já havia trabalhado em outra oportunidade. Como o título sugere, a canção é suave e delicada, como as ondas do mar numa noite de verão na Bahia. A voz de Caetano abraça a cantiga, que fica ressoando na memória como um alento.
Foi vertiginoso assistir às gravações dessas duas vozes. O fato de Chico e Caetano estarem ali, emprestando timbres, entendimento, respiração ao que eu tinha criado dotou meu álbum de carga histórica e encheu minha vida de vida.", definiu o artista.
O álbum traz ainda outras faixas marcantes, como "Oração à Cobra Grande" e "O Raio", que continuam a explorar o ecletismo da obra de Amud com a profundidade de algo que não se define.
Imagino que, de todos os meus discos, este seja o que mais coloca para o ouvinte a questão da unidade, ou da possível falta dela. Talvez isso se deva à presença de algumas canções muito pessoais, de caráter afetivo, que não se referem a um projeto intelectualmente definido.A "enseada perdida", quando aparece na letra de "Baía de Janeiro" se refere a algo bem concreto: o aterramento das águas do Rio de Janeiro. Mas quando nomeio assim um disco, é como se a expressão passasse a designar também coisas de ordem afetiva, ou até metafísica."
Enseada Perdida é o novo capítulo da discografia de Thiago Amud, que já conta com álbuns como Sacradança (2010), De ponta a ponta tudo é praia-palma (2013), O cinema que o sol não apaga (2018) e São (2021), esses dois últimos lançados pela Gravadora Rocinante.
Amud também trabalhou com Guinga e Francis Hime, e suas canções foram interpretadas por artistas como Milton Nascimento, Ana Carolina, Leila Pinheiro, Mônica Salmaso e Alcione.
Divulgando o disco nas suas redes sociais, ele escreveu: "Ser artista é ser refém. Mas a arte não se dobra." Criar e publicar um álbum que valoriza a musicalidade brasileira é uma das maneiras de se fazer isso.
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