Trump planeja blitz cruel de propaganda de deportação para assustar imigrantes

Donald Trump volta ao cargo de presidente dos Estados Unidos neste mês com a promessa de iniciar a "maior" operação de deportação em massa da história estadunidense e diz que planeja libertar os militares do país para o ajudar a fazê-lo. Mas, de acordo com três fontes familiarizadas com as discussões políticas internas no círculo de Trump, o presidente eleito e vários dos principais assessores estão conscientes de que as desejadas repressões em maior escala - que poderão envolver uma nova rede de "campos" militarizados - levarão um tempo significativo para executar.

Entretanto, Trump e a nova equipe anti-imigração têm planos para preencher as lacunas, em parte se apoiando fortemente na geração de propaganda implacável e (como disse um funcionário da transição de Trump) no "espetáculo mediático" que muitos deles esperam que faça com que os imigrantes indocumentados fujam do país e convença os migrantes a não virem para o país.

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A campanha de terror racista que a Equipe Trump desencadeou na comunidade haitiana de Springfield, Ohio, servirá provavelmente de modelo para o que a Casa Branca de Trump tem reservado para os imigrantes em todos EUA. E é um modelo que os advogados pró-imigração e as organizações sem fins lucrativos estão se preparam para combater e rebater um "espetáculo mediático" tão generalizado e uma potencial onda de desinformação que poderia muito bem fazer parte do trabalho de Trump na repressão à imigração por ele.

Durante semanas, o novo "czar fronteiriço" de Trump, Tom Homan, e outros conselheiros do presidente eleito, têm dito a quem quiser ouvir que o início da nova administração apresentará uma demonstração de força de "choque e pavor" em relação aos migrantes e imigrantes indocumentados. A administração Trump está, obviamente, pronta para começar por impor, reimpor e fazer coisas que a administração Biden não faz. No entanto, muito do que o país provavelmente verá acontecer durante o início da segunda presidência de Trump será muito parecido com a implementação de políticas ou práticas que estão atualmente em vigor.

Por exemplo, sob Joe Biden e outros presidentes, o ICE (Imigração e Alfândega dos EUA) já realizou detenções de indivíduos indocumentados acusados ou acusados de crimes violentos em estados e cidades-santuário controladas pelos Democratas. Tais detenções são geralmente incontroversas, dado que poucos liberais realmente se opõem a tais detenções. Você pode encontrar evidências de tais prisões nas notícias ou em comunicados de imprensa padrão da administração Biden.

A diferença é: o presidente Biden normalmente não sai em público e grita sobre o quão "duro" ele é - e como essas prisões deveriam servir como um alerta para os milhões de imigrantes indocumentados nos Estados Unidos, suas famílias, aqueles com status legal protegido, e qualquer outra pessoa que se sinta obrigada a fazer uma viagem semelhante aos Estados Unidos. Trump, por outro lado, não será tímido em manejar esse megafone de propaganda, mesmo que seja para destacar detenções ou ataques que pouco diferem do que já é o procedimento operacional padrão.

Conforme as três fontes, tem havido recentes discussões internas dentro do futuro governo de Trump, inclusive com o próprio presidente eleito, não apenas sobre o lançamento de ataques de alto perfil em grandes cidades logo no início do segundo mandato - mas sobre como injetar esses ataques no ecossistema da mídia e na corrente sanguínea das mídias sociais da forma mais agressiva possível.

Essas ideias incluíram a divulgação de meios de comunicação amigáveis, como a Fox News, para gerar imagens noticiosas das ações; envio de equipes de filmagem da própria administração; coordenar e divulgar vídeos, fotos e anúncios para os principais influenciadores em sites populares de mídia social; ter o bilionário apoiador de Trump, Elon Musk, empunhando a plataforma X (anteriormente Twitter) para criar um ciclo de propaganda direitista e destacando essas operações de aplicação da lei; e, claro, deixar Trump se vangloriar na televisão e internet sobre estas operações.

Um dos principais objetivos disso, dizem as fontes à Rolling Stone EUA, é criar um enorme efeito assustador que assustará imigrantes indocumentados e suas famílias (mesmo que tenham filhos que nasceram no país) e os levem a fugir preventivamente ou a "auto deportar-se," por medo de que as forças de Trump batam na porta a qualquer momento - ou talvez tenham sua família separada. Outro efeito pretendido deste estilo de propaganda de "choque e pavor", muito antes de Trump e os republicanos poderem tentar realizar os planos de repressão em maior escala, é assustar os migrantes e outros, impedindo-os de sequer tentarem vir para os Estados Unidos.

Outro possível benefício líquido para eles e para Trump, acrescentam as fontes, é que fazer isto em cidades-santuário ou redutos democratas no país criará um confronto precoce que eles desejam com presidentes de câmara e governadores liberais nesses estados. É o desejo de Trumpland e da elite republicana que esta propaganda e campanha de relações-públicas altamente nativista prenda os democratas, no sentido de que os políticos democratas que prometeram resistir ao ataque violento de Trump podem parecer fracos se não resistirem.

Mas se os presidentes de câmara liberais - em Chicago, por exemplo - e os governadores brigassem por causa disto, poderiam ser vistos como se opondo aos tipos de detenções mais seletivas com os quais não têm reais problemas, alimentando assim as mentiras e difamações de Trump de que os democratas não apoiam a punição, por exemplo, de verdadeiros membros de gangues violentos que vieram de países estrangeiros.

Estes são objetivos que grupos pró-imigração e advogados estão preparados para combater vigorosamente com campanhas educativas e as suas próprias mensagens - embora saibam que será, para dizer o mínimo, uma batalha difícil contra o peso do Estado, Trump, Musk e meios de comunicação conservadores e outros meios de comunicação tradicionais.

Durante a campanha presidencial de 2024, Trump, o vice-presidente eleito J.D. Vance e equipe já tinham começado a criar este efeito assustador alimentado pela propaganda e pelas redes sociais e, em alguns casos, obtiveram resultados tangíveis e reais meses antes de vencerem as eleições.

Nos meses finais da corrida presidencial de 2024 entre Trump e a vice-presidente Kamala Harris, a equipe Trump e conservadores proeminentes se envolveram em uma blitz sustentada, racista e baseada em mentiras contra a comunidade de imigrantes haitianos que vivem e trabalham legalmente na cidade de Springfield, Ohio. As mentiras de Trump e Vance, divulgadas nas redes sociais e nos meios de comunicação mais tradicionais, ajudaram a criar uma onda de ameaças de bomba, evacuações e um sentimento palpável de terror na pequena cidade estadunidense. Na época, alguns haitianos se perguntaram se deveriam fugir. Alguns fizeram as malas e deixaram Springfield, preocupados com a segurança deles e de seus filhos.

Depois que Trump venceu no início de novembro, as coisas só pioraram para os haitianos de Springfield. "As pessoas estão realmente assustadas. Penso que muitos haitianos estão preocupados com a possibilidade dos direitos serem violados", disse Katie Kersh, advogada de imigração em Dayton, Ohio, que conduz clínicas jurídicas para imigrantes haitianos em Springfield.

Estamos neste momento de tentar garantir que as pessoas compreendam os seus direitos e a acalmar os seus receios de que estarão num avião de volta ao Haiti no dia 21 de janeiro, o que não é como a lei funciona.

Ela acrescentou: "Este será um momento no qual os direitos das pessoas ao devido processo serão ameaçados e é importante que, como país, defendamos e defendamos essas pessoas de todas as maneiras que pudermos. Nas minhas conversas com as dezenas de pessoas que vemos nas clínicas todas as semanas, e com líderes comunitários haitianos, e pessoas que vêm me fazer perguntas, parece que muitos imigrantes… sentem que o país não os quer aqui. As pessoas que se preocupam com o que está acontecendo precisam aparecer para esses indivíduos, mesmo que não seja na sua comunidade imediata, para mostrar que esse não é o caso."

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