Não nos calaremos | Série da Netflix é baseada em uma história real?
A série Não nos Calaremos não é baseada em uma história real em particular, mas sim na luta das que as mulheres travam para provar que foram vítimas de abuso.
A nova série espanhola da Netflix, Não nos Calaremos, chegou ao streaming no dia 31 de maio contando a história de Alma (Nicole Wallace), uma jovem de 17 anos que, após descobrir que uma de suas amigas foi assediada e agredida diversas vezes pelo professor de História, decide se unir a outras meninas e colocar uma faixa na porta do colégio onde estudam com os dizeres "Cuidado! Aí se esconde um abusador". A partir daí sua vida vira de cabeça para baixo e ela passa a ser alvo da desconfiança de colegas, professores e outras pessoas próximas.
Com oito episódios, a trama é baseada no livro Ni Una Más do autor e jornalista Miguel Sáez Carral, mas ao contrário do que muitos pensam, não é em uma história totalmente real, e, sim, inspirada na luta que as mulheres de todo mundo enfrentam para denunciar seus abusadores e serem levadas à sério.
Para criar o enredo, o autor se baseou em dois casos verídicos: o das adolescentes Daisy Coleman e Chanel Miller, jovens que se tornaram símbolo da luta contra o abuso sexual e a impunidade judicial.
A primeira nasceu em 1997 e, aos 14 anos, sofreu abuso sexual em Maryville, cidade onde morava nos EUA, após ter sido embriagada em uma festa. Desde do ocorrido, sua vida se tornou uma luta para provar o crime do qual foi vítima, mas as acusações contra seu agressor, Matthew Barnett, foram retiradas porque ele tinha conexões influentes que o livraram de ser indiciado.
Essa decisão gerou indignação generalizada, especialmente entre as mulheres e também comunidades online como o Anonymous. Tempos depois, Coleman fundou a SafeBAE, uma organização não governamental e sem fins lucrativos que tinha por objetivo prevenir agressões sexuais nas escolas. Seu objetivo era alertar as meninas e impedir que mais crimes como esse acontecessem.
Apesar de tudo isso, no entanto, ela não conseguiu lidar com os danos emocionais do crime do qual foi vítima e se matou em 2020, aos 23 anos. Sua mãe, Melinda Coleman, também se suicidou após quatro meses da morte da filha.
O drama de Chanel também foi parecido, mas, felizmente, teve um final menos trágico. Ela é uma escritora estadunidense que sofreu abuso sexual quando tinha 22 anos e estava no campus da Universidade de Stanford. Após ter sido estuprada, acordou sem algumas peças de roupa ao lado de uma lixeira da faculdade. Seu algoz foi um homem chamado Brock Turner, que recebeu a pena de seis meses de prisão. Após cumprir metade dela, ele pôde viver em liberdade condicional.
A história das duas mulheres foi tão relevante para a série que, quando a protagonista Alma cria um perfil falso no Instagram para denunciar os abusos que aconteciam na sua escola, escolhe como nome de usuário o arroba @Iam_colemanmiller, em referência às jovens.
O sucesso de Não nos Calaremos na Netflix
Desde que foi lançada, a trama da série espanhola tem impactado os assinantes da gigante do streaming, desbancando concorrentes de peso como a terceira temporada de Bridgerton que chegou no dia 13 de junho. Parte desse sucesso se deve justamente à trama ser cheia de reviravoltas e baseada em um argumento tão doloroso quanto verossímil.
Também chamou atenção o fato dela ser protagonizada por Nicole Wallace, do longa Minha Culpa, e Clara Galle da trilogia Através da Minha Janela. Esse sucesso, no entanto, ainda não foi suficiente para a Netflix confirmar se a trama ganhará uma segunda temporada ou se será encerrada na primeira.
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