Nego Di desafia Justiça e publica desinformações sobre tragédia no RS
Ex-BBB se diz injustiçado, após ser proibido de difundir informações falsas nas redes sociais, e opta por ampliar a desinformação
O ex-BBB Nego Di desafiou a decisão judicial que mandou retirar publicações com fake news e o proibiu de fazer novas postagens contendo desinformação sobre a tragédia das inundações no Rio Grande do Sul. A juíza Fernanda Ajnhorn, do plantão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, determinou na sexta (10/5) uma multa de R$ 100 mil por dia pela reincidência.
Coleção de fake news
Em novo vídeo postado na noite de domingo (12/5), o humorista gaúcho atacou o governo, a Justiça e a rede Globo, acusando-os de tentar censurá-lo. Em tom de palanque eleitoral, ele acusou quem o acusa de espalhar fake news como os verdadeiros responsáveis por contar mentiras. No mesmo fôlego, voltou a dizer que caminhões de doação estavam sendo barrados por não terem nota fiscal, situação que nunca aconteceu e já foi amplamente negada.
Entre outras denúncias contundentes em suas redes sociais, dá para citar corpos boiando em Canoas, em fotos chocantes que, na verdade, eram de uma tragédia no interior do Rio de Janeiro, e até de mantimentos estocados sem distribuição, num vídeo que escandalizou um voluntário do depósito filmado. Chocado, o voluntário mostrou o mesmo local com as prateleiras vazias e o trabalho intenso para encaminhar as doações para quem precisava. Desmascararam Nego Di, mas ele jura que não e seus seguidores concordam.
Em sua defesa, Nego Di afirma que foram suas acusações que fizeram esta e outras situações serem resolvidas. Até o vídeo do depósito, segundo Nego Di, "eles consertaram" depois de sua "denúncia" - em tempo recorde, já que foi ao ar minutos após o fake. Por conta disso, o Ministério Público acionou a Justiça, que concedeu liminar para tirar do ar as falsas acusações, a maioria voltada contra o governo.
Estatística inventada
Nego Di também aproveitou o vídeo de "defesa" para lançar fake news novas. "Tem relatos de 3 mil pessoas mortas em Canoas. Tem relato de que a água tá fedendo a cadáver", ele acusou, demonstrando prazer em aumentar a tragédia com detalhes grotescos.
O último balanço da Defesa Civil, divulgado na noite deste domingo, revelou que há 145 pessoas mortas em decorrência das chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a semana passada. O estado ainda contabiliza 806 feridos e 132 desaparecidos. Portanto, não há nada parecido com 3 mil cadáveres boiando só na cidade de Canoas.
O objetivo de criar relatos escabrosos é única e exclusivamente causar pânico pra jogar a culpa no governo.
O povo pelo povo
"Por que a gente não começa a falar a verdade", questiona Nego Di em seu vídeo, reforçando que todos mentem, menos ele e os aliados de uma rede de desinformação sobre a tragédia. Um detalhe que chama atenção no discurso é que o influenciador se apresenta como um político eleito, dizendo-se representante de todos os gaúchos. Suas denúncias não seriam só dele, mas de todo o povo.
Com um discurso anti-Estado, Nego Di é difusor do slogan "o povo pelo povo", no sentido de que o povo (isto é, ele e aliados) é que estaria salvando o povo, e não as instituições. Contrariando este discurso, o comandante do Exército, General Tomás Paiva, disse na quinta (9/5) que só exército resgatou mais 60 mil pessoas no Rio Grande do Sul. A Marinha enviou o maior navio de guerra do país com mantimentos para a cidade de Rio Grande. Bombeiros também vieram de outros estados, do Alagoas a Santa Catarina, ajudar no esforços do resgate em todas as regiões. Mas como não usam o trabalho para promoção pessoal, fazendo selfies de salvamentos para colocar no Instagram, influenciadores como Nego Di, Pablo Marçal e outros insistem que só eles (o povo) estão ajudando.
Nos comentários no Instagram, os seguidores de Nego Di demonstram concordar com sua visão messiânica e, impermeáveis aos fatos, defendem que cada mentira já desmentida segue sendo a mais pura verdade.