O surpreendente disco que mudou a vida de Rodolfo Abrantes — antes da conversão
Clássico álbum foi lançado por banda cujo cantor vivencia conflito público com Digão, ao lado de quem Rodolfo trabalhava no Raimundos
Na virada do século, Rodolfo Abrantes passou por uma conversão religiosa que mudou o curso de sua vida. E não apenas no âmbito pessoal: ele acabou por deixar o Raimundos, banda que o alçou ao estrelato. Após um período com o Rodox, o cantor e guitarrista lançou uma carreira solo focada na música cristã.
Por isso, é difícil imaginá-lo ouvindo Cada Dia Mais Sujo e Agressivo (1987), terceiro álbum de estúdio do Ratos de Porão. Porém, durante entrevista publicada em maio de 2000 na revista Bizz, Abrantes citou o disco em questão como o responsável por mudar sua vida.
Convidado a refletir sobre o trabalho, um clássico do hardcore/crossover thrash nacional, Rodolfo declarou, inicialmente:
"Eu tinha uns 13 anos e já me amarrava no Descanse em Paz (segundo disco do Ratos, lançado em 1986) quando ouvi Cada Dia Mais Sujo e Agressivo. Meus amigos compraram o disco e foi f#da. Acho que ele é muito bem produzido. Hardcore podrão e o João Gordo (vocalista) muito inspirado."
Embora tenha citado que todo o disco merece atenção, o então vocalista e guitarrista do Raimundos destacou duas faixas. Ele disse:
"Não tem nada ruim no álbum. 'Morte e Desespero' é maravilhosa. 'Tatoo Maniac' mudou minha vida. Pivete, tudo o que eu queria era fazer uma tatuagem."
Por fim, ao citar outras bandas de hardcore, Abrantes relembrou o grande diferencial do Ratos em sua opinião. O artista concluiu:
"Andava de skate e já ouvia Dead Kennedys, Suicidal Tendencies e algumas bandas europeias, mas o Ratos de Porão era mais violento, mais agressivo, mais sujo. E o melhor: dava para entender as letras."
Raimundos: João Gordo vs. Digão
Rodolfo Abrantes não tem falado sobre Ratos de Porão ou João Gordo nos últimos anos, mas um de seus ex-colegas tem uma briga pública com o vocalista. Trata-se de Digão, guitarrista que também assumiu os vocais da banda após a saída de Abrantes.
Em entrevistas, Digão tem dito que nunca se deu bem com Gordo. Porém, a desavença se tornou declarada após o frontman do Ratos de Porão discordar publicamente de posicionamentos políticos manifestados pelo líder do Raimundos.
Nos primeiros momentos em que a briga chegou ao radar dos fãs, o caso chegou a gerar uma situação interna ruim no Raimundos. Canisso, baixista falecido em 2023, disse pelas redes que o colega estava "surtando" em meio à pandemia, "brigando com metade da cena" e "chamando até o João Gordo de pela-saco".
Em 2022, o guitarrista do Ratos, Jão, entrou na briga. Após uma publicação em que Digão disse que a banda é composta por "fervorosos apoiadores do maior bandido político da história brasileira e MTST", em referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Jão chegou a convidar o músico do Raimundos para resolver as diferenças "na porrada". Digão recuou e declarou online que, na verdade, não estava criticando o grupo, apenas Gordo. Em entrevista posterior, afirmou ter feito as pazes com o guitarrista.
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