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Eliza Samudio e Priscila Belfort, histórias que não terminam

Documentários tentam esclarecer os mistérios envolvendo os desfechos da vida de duas mulheres que marcaram época

29 set 2024 - 13h43
(atualizado às 13h44)
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Eliza Samudio - Foi morta em 10/6/2010, aos 25 anos, em Minas Gerais, a mando do goleiro Bruno Fernandes, que não queria assumir o filho com a modelo. O ex-atleta do Flamengo foi condenado a 22 anos de prisão, mas já está solto. O corpo nunca foi encontrado.
Eliza Samudio - Foi morta em 10/6/2010, aos 25 anos, em Minas Gerais, a mando do goleiro Bruno Fernandes, que não queria assumir o filho com a modelo. O ex-atleta do Flamengo foi condenado a 22 anos de prisão, mas já está solto. O corpo nunca foi encontrado.
Foto: reprodução redes sociais / Flipar

Dois casos que marcaram a história recente do Brasil ganharam uma investigação detalhada por meio de documentários na Netflix e Disney+. Até hoje, as histórias de Eliza Samúdio e Priscila Belfort nunca ganharam um desfecho porque ambas nunca foram encontradas - vivas ou mortas. O que se vê, no entanto, é que o deslumbre com a fama dos personagens envolvidos nas tramas, a influência social e o machismo dominaram as diligências. E atrapalharam - muito.

No caso da ex-namorada do goleiro Bruno, até então um astro do Flamengo, não adiantaram os muitos apelos que ela fez. Eliza foi à polícia, ao Ministério Público, à televisão. Ninguém a ouviu como deveria ou a protegeu. Enquanto mesmo acusado de assassinato o atleta era celebrado por fãs, a mãe de seu filho recebia um julgamento pela mídia, como se fosse mais uma "maria chuteira".

No documentário com uma hora e quarenta minutos de investigação, fica claro como o machismo dominou toda a conversa. Ninguém quis contar seu lado dos fatos como deveria, pelo contrário. Até hoje, aliás, há o mito de que o corpo de Eliza foi devorado por cães, algo negado pela perícia científica.

No caso de Priscila Belfort, sendo ela irmã de um lutador famoso, apresentadores de TV tomaram à frente do caso e chegaram a oferecer recompensas. Um deles chegou a declarar que mandaria câmeras e uma equipe na casa de quem fizesse a denúncia. Assustadoramente, houve quem passasse informações falsas para paquerar o delegado.

Mais esquisito ainda é o fato de a Polícia Civil não ter autorizado nenhum agente a dar depoimento para a série, que, aliás, cita o namorado dela na época, mas não diz seu nome por ser ele filho de umn político famoso no Rio de Janeiro. Há fios soltos na investigação, que precisam ser retomados. para defender poderosos, estas linhas de diligência não foram perseguidas.

Nenhuma das histórias tem fim. Nenhum dos supostos envolvidos esclareceu tudo. Ser mulher no Brasil ainda é estar sob constante julgamento. E é muito triste comprover isso quando cidadãs não tiveram nem mesmo o direito de ganhar despedidas de suas famílias - ou serem encontradas.

Fonte: Fefito Fefito é jornalista, pós-graduado em direção editorial e mestrando em comunicação. Atualmente apresenta o TV Fama, na RedeTV!, além de ser colunista no Terra. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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