"Heartstopper" se torna menos utópica e, enfim, adolescente
Série da Netflix explora assuntos densos e finalmente decide abordar vida sexual dos personagens
Uma das maiores queixas ouvidas por quem assistia a "Heartstopper" era de que, embora fosse apaixonadamente fofa, a série não parecia ter adolescentes do mundo de hoje. Praticamente ninguém brigava, vivia aventuras subversivas ou o mais básico: nenhum deles tinha vida sexual. A nova temporada, que chegou à Netflix na semana passada, enfim, fez a história chegar à adolescência.
Mais densa, a terceira leva de episódios, enfim, leva a afetividade para outro nível. Nick (Kit Connor) e Charlie (Joe Locke) passam a sentir os hormônios falarem mais alto e explorar o desejo de um pelo outro. Ainda que de maneira tímida, rumam para suas primeiras vezes. No caso dos protagonistas, especificamente, a exploração da sexualidade virá aliada a um assunto sério: transtorno alimentar por parte de um deles, o que, claro, reflete também em questões de aparência.
O mundo da série baseada nos quadrinhos de Alice Oseman parece, finalmente, ter chegado à adolescência, onde se descobre que nem tudo é cor de rosa na vida. Os problemas existem e o mundo pode ser cruel. É disso que, de maneira violenta, fica ciente Elle (Yasmin Finney), que, sendo uma menina trans, acaba confrontada com um mundo que não foi construído na base da aceitação e do respeito.
Embora retratados de maneira leve, mas profunda, os conflitos da produção a tiram de um lugar de ingenuidade e mostram disposição para discutir o mundo real. Ainda assim, até quem não é adolescente quer viver num mundo tão simples e cheio de amor quando o desta ficção. A vida seria bem mais tranquila.