Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Histeria em torno da Santa Ceia na Olimpíada é injustificada

Quadro já foi reencenado várias vezes. Por que o problema é apenas com LGBTs?

27 jul 2024 - 18h58
Compartilhar
Exibir comentários
Foto: Reprodução Redes Sociais / Porto Alegre 24 horas

Cercada de diversidade e multiculturalidade, a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris acabou ofuscada por uma imagem específica. Drag queens e várias representações da comunidade LGBTQIAPN+ sentados a uma mesa reproduziram "A Última Ceia", quadro pintado por Leonardo Da Vinci, em 1498. Para uma parcela revoltada de cristãos nas redes sociais, tratou-se de um grande desrespeito, uma verdadeira blasfêmia.

A pintura simboliza, de fato, uma passagem bíblica, mas foi produzida 15 séculos depois por um homem, segundo a biografia escrita por Walter Isaacson, gay e ateu, o que por si só são carterísticas que afrontariam essa parcela da população. Não é a primeira vez que o quadro é reproduzido. Uma rápida busca mostra que há centenas de sátiras à obra de Da Vinci, que incluem desde super-heróis e Turma da Mônica a humorísticos como "Zorra Total" - para dizer o mínimo.

O que incomoda e gera debate, não é, portanto, a reinterpretação da pintura, uma vez que nem mesmo quando foi tratada como piada despertou tamanha controvérsia. O que provoca a discussão acalorada é a presença de LGBTs na pintura, público comumente alvo de setores religiosos mais conservadores. Na imagem, não há nada desabonador, nenhum crime está sendo cometido. Percebe-se, portanto, que o uso da fé não está em defesa da passagem da bíblica, mas, sim, a serviço do ódio a uma comunidade específica.

Curiosamente, passagens do livro sagrado usadas para criticar LGBTs vêm da mesma fonte que prega que mulheres adúlteras sejam apedrejadas ou não se coma carne de porco e não se use dois tipos de tecido. Todos esses ensinamentos já foram relativizados e superados. Jesus Cristo era conhecido por sentar-se à mesa com os marginalizados e perseguidos. É, portanto, um retrato de amor e compaixão, não de ódio. Será que essa parcela raivosa o representa tão bem ou entendeu suas palavras?

As Olimpíadas acertaram, sim, ao representar uma minoria já tãp excluída. LGBTs existem desde que o mundo é mundo. E seguirão existindo. Qualquer debate que não os inclua na busca por direitos básicos - como o de serem vistos - é pura histeria.

Fonte: Fefito Fefito é jornalista, pós-graduado em direção editorial e mestrando em comunicação. Atualmente apresenta o TV Fama, na RedeTV!, além de ser colunista no Terra. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade