Maguila era prova de que dá para vencer e ser justo no país
Lutador virou presença constante em programas de TV e deu uma aula de sabedoria e humildade
Quem sintonizava a televisão em programas de variedade ou de auditório nos anos 90 certamente cruzou com Maguila em algum segmento. O esportista, que morreu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos, era presença garantida no entretenimento nacional. Campeão de boxe, inicialmente chamou a atenção de emissoras de TV por duas razões, não necessariamente lisonjeiras na época: sua brabeza - um estereótipo do esporte - e sua pouca instrução.
O atleta, no entanto, nunca abaixou a cabeça ou permitiu virar piada. Pelo contrário, sua origem humilde só serviu para calar a boca de quem debochava dele. Sempre gentil, o lutador deu grandes lições de vida até mesmo sobre temas polêmicos. Nos anos 80, ao ser questionado por jornalistas sobre a homossexualidade, por exemplo, foi categórico ao afirmar que não havia porque existir preconceito e que explicaria tranquilamente aos filhos sobre a relação entre dois homens.
Tive a chance de conhecer Maguila num programa de TV e testemunho: era um homem extremamente educado, cuidado e simpático. Por baixo do que muita gente encarava como "rude", havia um indivíduo que sabia exatamente o que importava na vida e não se rendia a poses ou status.
É de se admirar que Maguila, que tanto participou de brincadeiras e pegadinhas não tenha participado de um reality show nos primórdios do gênero. Certamente teria sido um grande personagem. Embora gerações mais recentes o conheçam principalmente pelas participações na televisão, há que se dizer que esse é um mero detalhe em sua carreira vitoriosa. Seu legado para o esporte e para as futuras gerações que não têm estímulo suficiente é enorme. Impossível apagar sua história.