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Silvio Santos foi pioneiro ao colocar travestis na televisão

17 ago 2024 - 17h43
(atualizado às 17h58)
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Silvio Santos com a drag queen Penelopy Jean e a modelo trans Ava Simões
Silvio Santos com a drag queen Penelopy Jean e a modelo trans Ava Simões
Foto: Divulgação

Por muito tempo a luta LGBTQIAPN+ foi invisibilizada na televisão brasileira. Antes mesmo que a discussão se ampliasse, havia, numa das emissoras mais assistidas do país, um espaço seguro para as travestis: o "Show de Calouros" e o "Programa Silvio Santos", no SBT. 

Pioneiro, num tempo em que não se discutia seriamente termos como transexualidade ou transfobia, Silvio Santos colocou no palco as transformistas, expressão da época. Quem acha, no entanto, que elas eram exibidas apenas com olhar de exotismo, se engana. O apresentador sempre se mostrou curioso por suas histórias e as preparações para seus números. O resultado era ver os nomes das travestis divulgados na noite paulistana e lotando casas icônicas como a Medieval e a Prohibidu's. 

Mais do que procurar o caminho da crítica mais fácil, é preciso procurar entender o contexto: em pleno final da ditadura e logo após, no reinício democrático, um dos homens mais poderosos do país abria espaço para ouvir o testemunho de pessoas trans e tratá-las como as artistas que eram.

O trabalho de Silvio para desmistificar e trazer à luz uma parcela então marginalizada da população é reconhecido até mesmo pela Antra, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais. "É inegável sua contribuição ao proporcionar visibilidade para as artistas travestis na televisão, em um período em que éramos frequentemente perseguidas e retratadas quase exclusivamente em programas policiais", afirma a organização, em nota. "Naquele contexto, a situação era ainda mais desafiadora, mas, mesmo assim, ocupávamos semanalmente aquele espaço, exibindo nossos talentos, corpos e belezas, com uma liberdade que era intensamente reprimida fora das telas. É essencial analisar esses eventos à luz do contexto histórico para não cairmos em anacronismos, sem perder de vista a discriminação generalizada que predominava na sociedade."

Até o final da vida, Silvio continuou abrindo as portas de seu programa para a arte e a beleza LGBT. Drag queens e transexuais eram presenças constantes em seu palco. A gratidão está espalhada pelas redes sociais de nomes importantes como Divina Núbia e Marcinha do Corintho. E esse reconhecimento, dentro de um contexto de época, precisa ser feito. Foi corajoso, pioneiro e vanguardista. 

Fonte: Fefito Fefito é jornalista, pós-graduado em direção editorial e mestrando em comunicação. Atualmente apresenta o TV Fama, na RedeTV!, além de ser colunista no Terra. As visões do colunista não representam a visão do Terra.
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