Organizadores do Festival Lollapalooza são investigados por trabalho escravo
De acordo com a denúncia, homens que atuavam na informalidade e prestavam serviços para terceirizada foram resgatados esta semana. Eles contam que, após jornadas de 12 horas diárias, não podiam deixar o local do evento e dormiam sobre papelões.
O Festival Lollapalooza recebeu denúncia de pessoas trabalhando em situação análoga à escravidão. Foram resgatadas cinco pessoas que prestavam serviços para a empresa Yellow Stripe, uma terceirizada contratada pela Time 4 Fun, que organiza o Lollapalooza no Brasil.
Ao site Repórter Brasil, um dos resgatados disse que eles trabalhavam como carregadores de bebidas em jornadas de 12 horas diárias: "Depois de levar engradados e caixas pra lá e pra cá, a gente ainda era obrigado pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes, para vigiar a carga".
De acordo com Rafael Brisque Neiva, auditor fiscal do Trabalho que participou da operação de resgate, os funcionários atuavam na informalidade, sem os devidos registros trabalhistas, como manda a lei. "Com idade entre 22 e 29 anos, eles não tinham dignidade alguma, dormiam dentro de uma tenda de lona aberta e se acomodavam no chão. Não recebiam papel higiênico, colchão, equipamento de proteção, nada".
Denúncia semelhante já ocorreu em 2019:
Morador de rua ganha R$ 50 por 12h de trabalho para montar palco do Lollapalooza https://t.co/FH4wW3wcQ0
— Folha de S.Paulo (@folha) April 6, 2019
Os organizadores afirmaram ao Repórter Brasil que mais de 9.000 pessoas trabalham no local do evento e que a prioridade é garantir "as devidas condições de trabalho". Segundo o comunicado, "é terminantemente proibido pela T4F" que trabalhadores durmam no local, fato que fez com que fosse encerrada "imediatamente a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe".