Paulo Coelho quer convidar Kevin Spacey a ler seu livro "Maktub"

O escritor Paulo Coelho fez uma proposta inesperada na sexta-feira (19/7). Em uma postagem na rede social X, ele perguntou aos seus seguidores o que achariam se convidasse o ator Kevin Spacey para ler seu livro "Maktub". O ator americano enfrenta milhões de dólares em dívidas após sofrer diversas denúncias de assédio sexual.

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Em sua justificativa, Coelho ressaltou a importância de receber apoio em momentos críticos. "Quando fui preso e torturado, fui salvo por Hildegard Angel e Roberto Menescal, que me deram a única coisa que eu precisava para recuperar a minha sanidade: um lugar para trabalhar."

Na postagem, o escritor compartilhou uma entrevista de Spacey para o programa de Piers Morgan, onde o ator revelou suas dívidas e a dificuldade para voltar a trabalhar, após enfrentar dois julgamentos e ser inocentado. Segundo Spacey, ele está prestes a ver sua casa sendo leiloada e não possui dinheiro para pagar suas contas.

Sobre "Maktub"

"Maktub" é uma coletânea de textos que aborda pensamentos e inquietações de diversas culturas. "São pequenas histórias, fábulas que nos convidam a pensar e ver a vida a partir de novos pontos de vista", diz a apresentação do livro pela editora Companhia das Letras.

Denúncias contra Kevin Spacey

A primeira denúncia contra Kevin Spacey surgiu em 2017, pelo ator Anthony Rapp ("Star Trek: Discovery"), que relatou ter sido assediado numa festa em 1986, quando tinha 14 anos. Entretanto, ao levar o caso para os tribunais em 2022, a acusação foi julgada sem fundamento. Depois disso, em 2023, Spacey foi novamente julgado e inocentado de nove acusações de abuso sexual feitas por homens em um tribunal de Londres, relacionadas a atos que teriam ocorrido entre 2004 e 2013.

Entretanto, dezenas de acusações não chegaram aos tribunais. Só o Departamento de Abuso Infantil e Ofensas Sexuais de Los Angeles coletou seis denúncias. Mas prescrição e falta de provas impediram todos os casos de ir a julgamento - um padrão que se repetiu em outros casos.

Além disso, outras acusações feitas contra ele acabaram não indo adiante por diferentes motivos. Dois acusadores que o processaram morreram antes de seus casos chegarem nos tribunais. O escritor norueguês Ari Behn, ex-marido da princesa da Noruega, cometeu suicídio no Natal de 2019, três meses após um massagista que acusava o ator falecer subitamente.

Para completar, Spacey teve outro processo, movido por um rapaz que tinha 18 anos na época do assédio, retirado abruptamente na véspera de ir a julgamento.

As reviravoltas que o livraram parecem vir de um roteiro da série "House of Cards", em que Spacey interpretava o presidente corrupto e implacável dos Estados Unidos, capaz de dar um destino trágico a todos que cruzassem seu caminho. Mas, mesmo escapando da justiça, Spacey viu sua carreira desmoronar.

Impacto na carreira

Spacey foi retirado da série "House of Cards" em meio a denúncias dos próprios integrantes da equipe e condenado a pagar US$ 31 milhões de indenização à produtora MCR pelo cancelamento da série, após o juiz do caso considerar que seu comportamento foi responsável pela decisão da Netflix de encerrar a premiada premiada.

A Netflix também optou por suspender o lançamento de um filme sobre o escritor Gore Vidal, que o ator finalizou em meio ao escândalo e até hoje se encontra inédito. E ele também perdeu o papel em "Todo o Dinheiro do Mundo" (2017), substituído por Christopher Plummer depois que o filme já estava pronto - as refilmagens ocorreram de forma acelerada para o longa não perder sua data de estreia.

Entretanto, graças à falta de condenação, conseguiu voltar a atuar recentemente em um filme italiano, "L'Uomo che Disegnò Diò", dirigido e estrelado pelo astro Franco Nero.

Vencedor de dois Oscars, Spacey agora vive de papéis em produções de baixo orçamento para o mercado de VOD. Ele também interpretou um vilão no thriller "Peter Five Eight" e será o diabo em "The Contract", atualmente em produção.