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Em entrevista exclusiva ao Terra, Rogério fala da participação da banda no Pop Rock, que terá convidados surpresa, da recente viagem aos EUA - "os novaiorquinos são muito sem paciência" -, e desabafa ao contar como a imprensa trata o grupo: "Essa ciumeira é fogo. Os caras vivem achando que estão em Londres".
É a quarta vez que vocês participam do festival. O que ele tem de diferente dos outros eventos do gênero?
É nossa casa, né, mâno? Tocar em casa é do caralho. E a Rádio 98 sempre nos apoiou, desde o início da carreira do Jota Quest. É um festival com mais de 10 anos, anual e tem uma história. Na verdade, é uma reunião de amigos.
O público mineiro comparece em peso, gente de outras cidades?
Vem excursão de todo lugar, uma galera da pesada. "Caravanas", né, como vocês chamam? De vários lugares. E no Pop Rock nunca rolou tumulto, briga, nada disso.
Você se lembra da primeira vez que assistiu ao festival, ainda como fã?
Foi em 93. Recém chegado na capital, em Belo Horizonte (n.e.: Rogério é de Alfenas, sul de Minas). Vi o Skank, que tinha sido a banda mais votada na ocasião. Também vi o Lulu Santos, o Paralamas, o Barão - foi uma puta edição. Eu ainda não estava no Jota. Aí, no ano seguinte, rolou uma edição alternativa, com o Chico Science, Nação Zumbi.
O Jota Quest toca no mesmo dia que o Sideral no Pop Rock. Vocês vão subir no palco juntos?
Acho que sim. Estamos com umas idéias. Chamamos um monte de amigos para vir para o show. Quem quiser vir para cantar, pode vir. Chamamos a galera dos Raimundos, do Barão, do Titãs, do Paralamas, o Gabriel. Vamos chamar todo mundo. Vamos ver quem vai pintar.
Vocês também estão retornando de shows nos EUA. Como foi a coisa por lá e como pintou o convite?
Fomos convidados por uma empresa de turismo para fazer o show de Orlando. Aí fechamos o show em Nova York, com um agente. Foi legal. Fizemos dois shows. É um pessoal bem legal, formado de brasileiros matando saudade de casa. Foram shows para 2.500 pessoas. Filmamos tudo e vamos colocar essas imagens em videoclipe, programas, fotos. Estamos vendo...
Já pensaram em gravar alguma coisa em inglês e tentar o mercado americano?
Muito difícil, né? Não pensamos muito nisso, não. Foi uma primeira visita aos Estados Unidos. Estamos sondando, sentindo. De repente sai uma musiquinha, quem sabe? Estamos em um momento de muita inspiração e criatividade, preparando para gravar o próximo disco, no ano que vem. Mas estamos calmos. E ainda temos uma excursão pela Europa. Queremos na realidade é sedimentar a história da banda no Brasil.
E gravar em espanhol para o mercado latino?
Preferimos cantar em "português" para o "público latino". Na verdade não gostamos muito dessa história de gravar em espanhol. Por que aí você se transforma em um artista latino. Não que não sejamos artistas latinos (risos). Mas o jeito de cantar do Jota Quest tem esse suingue brasileiro. Mas podemos fazer uma coisa ou outra. De repente gravar Fácil, Dias Melhores - todas dariam boas versões em espanhol.
Vocês tem como objetivo mesmo ser a banda número 1 no Brasil ou é uma coisa meio "sem querer"? Vocês tem uma administração e uma assessoria de imagem muito boa.
Não somos a banda número 1. O Brasil experimenta agora essa subdivisão da parada. Temos aí várias bandas, muitos boas cada uma na sua onda, no seu estilo. Fazemos um som moderno, olhando para o futuro. Temos nossa mensagem, nossas letras têm um jeito de dizer as coisas. É lógico que gostamos de ser uma banda popular, de tocar pelo Brasil. Fizemos 140 shows da turnê do Oxigênio, percorremos o Brasil de cabo à rabo. É a terceira turnê que fazemos e já estamos com mais de 600 shows juntos. Adoramos tocar no interior - tocar em qualquer lugar, na realidade. E estamos tentando registar tudo isso poeticamente em nossas letras. Acho que o Jota Quest está fazendo uma história bonita.
Vocês já estão no showbusiness há um bom tempo. O que vocês acharam mais decepcionante nesse meio? Politicagem, o ultra-business?
Vou te dizer... Como é mesmo aquela frase? (pergunta para o resto da banda)... O que mais me enche é esse "patrulhamento cultural de esquerda" da imprensa (diz, irritado). O cara tem de sair para a rua, quebrando a estrada. É muito fácil ficar na frente de um computador e descer o cacete em tudo. Enquanto isso, estamos respirando o povo, vendo as coisas acontecerem, cara a cara com a galera, querendo transportar nossa energia para as canções, mudar as coisas. Isso é o que mais me incomoda no meio, ter de conviver com essas pessoas que se acham juízes. Quero que se fodam todos. Essa ciumeira é foda. Os caras vivem achando que estão em Londres. Trabalhamos muito, amamos o que fazemos.
Será que isso acontece por que vocês tocam bem, são bem-sucedidos?
A galera toca pra caralho, é aplicada, estuda seu instrumento. Estamos 24 horas por dia envolvidos nisso. A imprensa pensa que é só sexo, drogas e rock'n'roll. Quer dizer, rola, mas é muito mais do que só isso. É nossa vida e vivemos isso intensamente. Eu todo dia agradeço ser o que está do lado de cá, o "criticado". Ainda bem que não estou do lado de lá, falando mal do trabalho artístico dos outros. De cada uma boa matéria que escrevem sobre o Jota Quest, tem 10 outras xingando.
É verdade que vcs tinham uma contrato no início da carreira que impedia um integrante de aparecer mais que o outro - tipo o vocalista?
(Risos)... Não, de jeito nenhum. É algo entre a gente. Eu, que sou o vocalista, sempre fiz questão de ser o "vocalista da banda". Todo mundo junto. Sempre que aparece matéria nossa, em 99% dos casos, é com a banda. Todo mundo fala´pelo Jota Quest, é portador da idéia. É limpeza total. Somos uma banda. É que eu sou o mais falador, então na hora que pinta uma entrevista sempre rola um "Fala aí, Rogério".
E o seu outro "outro" irmão, o Flavinho, vai entrar no rock'n'roll também ou não?
Quem, o "Landau"? (risos) Ele é um barato. Acabamos de prensar mil cópias da demo dele, que gravamos no estúdio Polifonia. E ele tira onda da cara de todo mundo, dizendo "Eu não sou irmão de ninguém", ou "Bebi mais que meu Landau" (risos).