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Minha Vida |
Robert Crumb por Robert Crumb
Robert Crumb é considerado por muitos um dos maiores artistas do século XX. A autobiografia Minha Vida mostra a evolução técnica e ideológica dessa carreira. Desde os primeiros desenhos publicados, passando à experiência psicodélica com os hippies em São Francisco, à fase do "cartunista mais amado da América", e ao distanciamento do entretenimento de massa, em direção a um estilo mais sinistro e bizarro.
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Crumb construiu sua carreira de forma impressionante, sem concessões ao mercado, sem moralismos chatos, sem pretensões dogmáticas, sem auto-indulgência. Em Minha Vida, por sinal, há tudo menos auto-indulgência, porque agora o humor sarcástico e sinistro de Robert Crumb se volta contra seu maior personagem: ele próprio.
Desde a infância suburbana na Filadélfia, ele já sabia que não era um sujeito normal. A repressão paterna, a loucura da mãe, o lixo televisivo, que emergia com toda a voracidade e a hostilidade social deixaram o garoto nerd e hipersensível cada vez mais introspectivo e alheio ao mundo. Sua única válvula de escape era desenhar, desenhar e desenhar.
Com o tempo, o isolamento resultou em uma revolta contra a sociedade americana reacionária e machista. E ele decidiu se vingar à sua maneira: tornando-se um cartunista famoso. E o garoto desengonçado de óculos fundo-de-garrafa tornou-se muito mais do que apenas outro desenhista de renome: Crumb é um ícone. Uma referência artística.
O autor
Por décadas, Robert Crumb vem sendo aclamado como gênio e revolucionário. O cartunista, criador de clássicos como Mr. Natural, Keep On Truckin e Fritz, The Cat, é um dos grandes heróis de contracultura.
Crumb nasceu na Filadélfia, em 30 de agosto de 1943. Começou sua carreira no início dos anos 60, na revista Help, dirigida por Harvey Kurtzman, o criador e editor do período mais anárquico e celebrado da revista Mad. Na Help, Crumb trabalhava ao lado de Terry Gillian que depois faria parte do grupo Monty Python e seria o diretor de filmes como Brasil e Fear and Loathing in Las Vegas.
Depois disso, Crumb abandonou Nova York e foi para San Francisco, onde tornou-se o líder (ainda que a contragosto) do movimento das revistas underground nos Estados Unidos. Seus ataques contra o moralismo e hipocrisias da sociedade estadunidense foram razões de muitos escândalos, polêmicas e problemas com a Justiça dos EUA. Mas sua importância passou a ser reconhecida até mesmo pelo mundo da alta cultura. O crítico de arte do New Yorker, Adam Gopnik, o descreve como um estilo realista que registra o banal, o comum, o humor inconsciente do dia-a-dia que preenche nossas vidas. E Robert Hughes, um dos principais nomes da crítica contemporânea, foi além e declarou na Time que Crumb é o Brueghel do século XX. Em 1978, Crumb conheceu e casou-se com Aline Kominsky, também cartunista. Juntos, eles criaram a Weirdo. Atualmente, eles vivem no sul da França com sua filha Sophie.
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