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Quadro de Pissarro confiscado pelos nazistas vai a leilão em Nova York

Pintura 'The Anse des Pilotes, Le Havre' esteve no centro de disputa entre duas famílias que afirmavam ser donas da obra

22 abr 2022 - 13h47
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Uma pintura do artista francês Camille Pissarro será vendida em leilão no próximo mês após uma longa disputa judicial. O quadro foi confiscado de uma família judia alemã pelos nazistas, durante a Segunda Guerra Mundial; e, em 1994, foi comprado por outra família. Desde então, os herdeiros vinham brigando na justiça pela posse de The Anse des Pilotes, Le Havre.

Segundo a casa de leilões Christie's, as partes chegaram a um acordo e o quadro será leiloado em maio, com lance mínimo de cerca de US$ 1,8 milhão. Os detalhes financeiros do acordo entre as famílias não foram divulgados.

Em 1939, Ludwig e Margret Kainer deixaram para trás uma coleção de arte, incluindo o Pissarro, quando deixaram a Alemanha em 1932, após Adolf Hitler subiu ao poder. Seus parentes reivindicam a pintura desde 2015 e processaram a família de Gerald D. Horowitz para recuperá-la no ano passado.

Advogados da família disseram que Horowitz comprou a pintura de um negociante de Nova York depois de fazer investigações para determinar se ela havia sido roubada. Entre as razões pelas quais a disputa atraiu interesse está o fato de que, pela primeira vez, Stuart E. Eizenstat, diplomata e advogado que ajudou a escrever os Princípios de Washington (usados em todo o mundo para orientar pedidos de restituição), envolveu-se em um processo individual.

Ao anunciar o acordo, as partes divulgaram declaração afirmando que o acordo "é totalmente consistente com a solução justa dos Princípios de Washington sobre a arte confiscada pelos nazistas".

Em uma entrevista, Eizenstat disse que concordou em trabalhar em nome da família Horowitz por causa de sua excelente reputação na comunidade judaica de Atlanta e porque ele é amigo de infância da esposa de Horowitz, Pearlann. "Estávamos convencidos de que eles compraram esta pintura de boa fé."

O óleo sobre tela, que retrata uma cena portuária, foi pintado por Pissarro em 1903, sendo um de seus últimos trabalhos.

Depois de deixar a Alemanha, os Kainers não conseguiram retornar com segurança para casa e sua coleção de arte e móveis foi vendida e apreendida pelo fisco de Berlim, para pagar o chamado "imposto de voo", instrumento financeiro que era frequentemente usado para punir judeus que fugiam do país.

Em 2014, a família Horowitz emprestou a obra para exibição no High Museum of Art, em Atlanta. Foi então que uma empresa contratada pelos herdeiros dos Kainers a encontrou. Com o acordo, a posse da obra será transmitida integralmente para quem a comprar no leilão.

Estadão
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