Regina Duarte leva filho a reuniões com cúpula do governo Bolsonaro
Bolsonarista raiz e declaradamente de direita, o diretor e empresário Andre Duarte Franco, de 49 anos, filho mais velho da atriz, participou das primeiras reuniões dela com ministros e o presidente Jair Bolsonaro em Brasília
BRASÍLIA - Bolsonarista raiz e declaradamente de direita, o diretor e empresário Andre Duarte Franco, de 49 anos, filho mais velho da atriz Regina Duarte, participou das primeiras reuniões dela com ministros e o presidente Jair Bolsonaro em Brasília, o que vem sendo tratado como um período de testes para que ela assuma a Secretaria Especial de Cultura.
Em vídeos e fotos que circularam nas redes sociais do governo federal, Andre Duarte aparece nesta quarta-feira, dia 22, sentado à mesa com ministros no Palácio do Planalto, entre eles Jorge Oliveira (Secretaria Geral da Presidência), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo). A reunião tratou sobre a estrutura e as competências legais da Secretaria Especial de Cultura, sucessora do antigo Ministério da Cultura.
O governo federal bancou o deslocamento da atriz, convidada por Bolsonaro para integrar a equipe de confiança, e de seus acompanhantes, inclusive o filho, de São Paulo a Brasília, assim como a hospedagem na capital federal. O Ministério da Cidadania, ao qual a Secretaria Especial da Cultura estava vinculada, informou ter custeado as despesas de Regina e "seus assessores", embora não tenha revelado os valores. Segundo o ministério, o pagamento respeita normas legais e faz parte da prática no Poder Executivo. A Presidência da República não comentou.
Surfista, Andre Duarte é dono da Plateia Produções Artísticas LTDA, empresa que faz agenciamento de atores ao mercado publicitário, promoções de eventos e produções teatrais. A mãe e a irmã Gabriela Duarte, também atriz, já foram sócias da empresa, em funcionamento desde 1985. Ambos são filhos de Regina com o ex-marido Marcos Flávio Cunha Franco.
Andre Duarte frequentou manifestações governistas na avenida Paulista, em São Paulo (SP), tem proximidade com lideranças do movimento de direita Nas Ruas, do qual faz parte a deputada Carla Zambelli (PSL-SP). A deputada e Regina Duarte participaram juntas de uma viagem a Israel, em dezembro de 2018, com objetivo de intercâmbio cultural. O deputado Delegado Pablo Oliva (PSL-AM) também esteve na comitiva.
Regina viajou duas vezes a Brasília no ano passado para reuniões do Conselho Pátria Voluntária, no Ministério da Cidadania, comandado pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS), à época, superior imediato da Secretaria de Cultura. As despesas foram custeadas pelo Tesouro.
Apesar de atuar profissionalmente com elenco da TV Globo, Andre destila críticas à "grande mídia" nas redes sociais e ironizou apurações jornalísticas da emissora sobre o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ). Andre minimizou as investigações do Ministério Público sobre o possível cometimento de crimes num esquema de "rachadinha" pelo atual o senador. Em uma delas, reproduziu notícia em que Bolsonaro afirma que Flávio iria "pagar o preço" se tivesse cometido erros e comentou: "Podemos mudar de assunto e focar no que realmente importa? #forarenan", escreveu, em campanha contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL).
Andre Duarte costuma compartilhar mensagens negativas sobre o PT e instituições como o Supremo Tribunal Federal e elogiar líderes norte-americanos e israelenses. Andre se define contra o politicamente correto e é um entusiasta do porte de armas liberado, além de apoiador do ministro da Economia, Paulo Guedes, cuja equipe classificou como um "dream team" (time dos sonhos, em inglês).
O filho de Regina também minimizou as queimadas na Amazônia. Ele afirma que a ativista ambiental Greta Thunberg é uma "marionete de grupos econômicos da vez". Outro alvo é o presidente francês Emmanuel Macron, uma dos chefes de Estado estrangeiros que mais cobrou ação do governo Bolsonaro para conter os incêndios florestais no ano passado.
Em uma publicação, Andre Duarte sugere que europeus têm interesse em explorar minerais no subsolo amazônico. "Europa e suas tradições centenárias. Em 1500 vieram para o Novo Mundo para saquear e destruir a cultura dos povos nativos. Agora, através de ONGs, querem saquear novamente nosso subsolo fazendo parecer que estão preocupados com a floresta Amazônica. Tem muita gente boa, 'inteligente' sendo manipulado por essa mídia esquerdista", opinou. Parte das publicações dele consta identificada como conteúdo "falso ou parcialmente falso".