Filho do grego Alberto e da turca Rebeca, Senor Abravanel -verdadeiro nome do apresentador- nasceu no bairro da Lapa, Rio de Janeiro, e teve uma infância bastante humilde. Começou a trabalhar aos 14 anos como camelô e vendia capas plásticas para título de eleitor e canetas tinteiro no horário de almoço de um guarda, que cuidava do cruzamento da Avenida Rio Branco com a Rua do Ouvidor. Dias depois, Silvio foi surpreendido e teve suas mercadorias apreendidas, mas o vigia reconheceu seu talento e, em vez de levá-lo à prisão, entregou-lhe um cartão da rádio Continental, na qual fez um teste e foi aprovado.
No trajeto de volta para casa, enquanto fazia a travessia de balsa até Niterói, Silvio teve a ideia de montar um serviço de rádio no transporte para evitar o tédio dos passageiros, que levavam duas horas para concluir o percurso. Com ajuda de comerciantes locais, ele ganhou a aparelhagem necessária para montar o negócio, que lhe despertou o espírito empreendedor. Ele passou a vender anúncios e começou a lucrar com a rádio. Mais tarde, montou um bar na barca, onde vendia refrigerante e cerveja, e organizava bingos.
Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Silvio Santos e sua família. O dono do Baú da Felicidade sempre fez questão de se manter muito discreto quando o assunto ultrapassa o tema carreira e negócios.
Ele é viúvo de Cidinha, que morreu de câncer na década de 70, com quem teve duas filhas, Cíntia e Silvia. Algum tempo depois ele passou a namorar Íris, com quem se casou e se mantém até hoje. Desta relação nasceram as filhas Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata.
Filho de um estadista judeu, Silvio passou a ter alguns problemas de relacionamento com sua mulher e filhas que se tornaram protestantes. Ele chegou a se separar da família por alguns períodos, mas voltou e decidiu relevar as diferenças e voltar às boas com todos.
Empreendedor
A reviravolta na vida de Senor Abravanel ocorreu quando a embarcação em que trabalhava sofreu um acidente e foi parar em um estaleiro, impedindo-o de exercer sua função. Devido a isso, um dos diretores de uma marca de cervejas o convidou para passar alguns dias em São Paulo e ele logo começou a apresentar espetáculos em bares e a fazer sorteios em caravanas de artistas e circos.
Sua fama chamou a atenção da TV Paulista, que o convidou para comandar o programa Vamos Brincar de Forca (1962), adaptando seu trabalho cotidiano para a telinha. O sucesso da atração lhe garantiu cada vez mais espaço na TV, expandindo e aprimorando o Programa Silvio Santos.
Enquanto progredia com sua atração na TV, comprou o Baú da Felicidade de seu amigo Manuel da Nóbrega, que na ocasião vendia baús com presentes de Natal para crianças. Atualmente, a empresa vende títulos de capitalização e os troca por produtos avaliados no mesmo investido. A emissora em que Silvio trabalhava foi comprada pela Rede Globo e ele continuou pagando pelo aluguel de seu horário aos domingos, lucrando com os anúncios que vendia a outras empresas. Em 1976 deixou a Globo e se mudou para Tupi, enquanto lutava politicamente para obter direitos de abrir seu próprio canal de televisão.
SBT
O presidente Ernesto Geisel, em 22 de outubro de 1975, assinou o decreto 76.488 outorgando a Silvio Santos o canal 11 do Rio de Janeiro, chamado de TVS, que passou a transmitir simultaneamente seu programa apresentado na Tupi.
Com a falência da Tupi, em 1980, a atração de Silvio foi transferida para a Record, da qual chegou a ser proprietário de 50%. No entanto, ele planejava ter uma rede nacional e ter uma programação completa.
De sua amizade com a então primeira-dama Dulce Figueiredo, viúva do ex-presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo, nasceu um lobby que o autorizou a operar o canal 4 de São Paulo, que passou a ser a TVS paulista. Com as emissoras no Rio e em São Paulo, o SBT começou a ser desenhado. Logo a rede se expandiu através de afiliações e a nova marca passou a ser usada em toda a rede no fim da década de 80.
Record
Com o SBT consolidado, não havia a necessidade de Silvio Santos permanecer como sócio da Rede Record. Eis que entra em cena o milionário bispo Edir Macedo, que comprou sua parte na emissora em 1990, da qual é proprietário até hoje.
No entanto, sabia-se naquela época que Silvio não queria vender sua parte da Record, mas acabou convencido pelo amigo e então presidente Fernando Collor de Mello.
PanAmericano
A notícia do rombo de R$ 2,5 bilhões no banco PanAmericano, que veio à tona em 8 de novembro de 2010, estremeceu o Grupo Silvio Santos, formado por 37 empresas e que emprega mais de 11 mil funcionários no Brasil e no exterior. Mais tarde, descobriu-se que a dívida era de R$ 4,3 bilhões.
O prejuízo provocou a necessidade de recorrer a um empréstimo junto ao Fundo Garantidor de Crédito para salvar o banco da crise. Por causa disso, o empresário colocou como garantia de pagamento do empréstimo algumas empresas de seu grupo, como a Jequiti Cosméticos, Baú da Felicidade e até mesmo o SBT. Silvio teria o prazo de dez anos para saldar a dívida.
Em janeiro de 2011, Silvio Santos anunciou que fechou a venda da sua fatia no banco PanAmericano para o BTG Pactual, banco de investimentos de André Esteves.
Morte
Silvio Santos pregou uma verdadeira peça em uma renomada revista de celebridades ao conceder uma entrevista por telefone, fato raro, já que o apresentador evita comentar detalhes de sua vida pessoal.
No entanto, em julho de 2003, enquanto gozava de suas férias na Flórida, onde possui uma casa, ele contou à repórter desta publicação que seu médico lhe diagnosticou uma doença terminal, prevendo-lhe somente apenas mais seis anos de vida. Por conta disso, ele havia vendido o SBT para um consórcio formado por Boni e pela rede mexicana Televisa.
Poucos dias depois, o dono do SBT desmentiu suas declarações no programa Boa Noite Brasil, comandado por Gilberto Barros, na Band, e no Domingo Legal, apresentado naquela época por Gugu Liberato.
Silvio comentou que concedeu a entrevista em tom de brincadeira e que pensou que a repórter perceberia sua piada devido à insistência dela em fazê-lo responder algumas perguntas sobre sua vida pessoal.
A revista publicou as declarações do apresentador na íntegra, inclusive o trecho em que dizia que estava se locomovendo com cadeira de rodas, contrastando com uma foto tirada na mesma semana dele andando normalmente pelas ruas dos Estados Unidos.
Sequestro
Em 2001 o sequestro da família Abravanel foi noticiado em toda a imprensa nacional, inclusive na Globo, que foi surpreendida na audiência naquele ano com o megasucesso da primeira temporada Casa dos Artistas.
No dia 21 de agosto, Patrícia, filha de Silvio Santos, foi sequestrada na porta de sua própria casa no bairro do Morumbi, em São Paulo, e após alguns dias de negociação com Fernando Dutra Pinto, o sequestrador, o resgate foi pago e ela acabou libertada.
Fernando acabou perseguido pela polícia e trocou tiros, matando dois oficiais. Sem ter para onde fugir, invadiu a casa do dono do SBT no dia 30 do mesmo mês e manteve a família Abravanel em cativeiro dentro da própria mansão por aproximadamente 7 horas.
O sequestrador se entregou após a chegada de Geraldo Alckmin, governador do Estado, que negociou e garantiu sua integridade física caso se entregasse à polícia.
Fernando foi preso e no dia 2 de janeiro de 2002, apenas dois meses após a data do sequestro, ele morreu em decorrência de uma infecção generalizada causada por um corte profundo nas costas. Na época, levantou-se a suspeita de negligência médica e maus-tratos.
Carnaval
Em 2001 a Globo teve que "engolir" Silvio Santos a seco. O Carnaval foi o primeiro passo para a toda-poderosa suportá-lo, pois Silvio Santos foi homenageado pela escola de samba carioca Tradição.
O enredo "Hoje É Domingo, É Alegria. Vamos Sorrir e Cantar!" trazia os nomes de alguns programas que Silvio apresentava na época e acabou ganhando propaganda gratuita de suas atrações na emissora concorrente.
Silvio entrou na avenida com um traje todo prateado e não escondeu sua felicidade. Outros artistas que trabalhavam no SBT na época também desfilaram e ganharam seus momentos de destaque nas lentes da Globo.
Na contramão dos louros colhidos em sua vida artística, Silvio Santos amargou a frustração na carreira política. Por ser uma pessoa bastante querida pelo público, ele anunciou em 1988 durante seu programa a pretensão em ser prefeito da cidade de São Paulo como forma de retribuição à sociedade por suas conquistas pessoais e profissionais. A notícia logo se espalhou pela imprensa, mas a o fato não se concretizou.
No ano seguinte, no final das eleições presidenciais, decidiu se candidatar ao cargo de presidente do Brasil em novembro e se filiou ao Partido Municipalista Brasileiro (PMB), substituindo o pastor evangélico Armando Corrêa. Silvio gravou algumas propagandas eleitorais, pedindo votos com insistência ao número 26, já que não havia tempo hábil para mudar o nome do candidato nas cédulas de votação, onde já constavam o nome do pastor, antigo candidato do partido.
Todo o esforço de Silvio Santos de nada valeu, já que a poucos dias das eleições o Tribunal Superior Eleitoral impugnou a candidatura do dono do SBT por encontrar irregularidades no registro do PMB.
Após este episódio, Silvio se filiou ao PFL e tentou participar de novas eleições, mas os desentendimentos internos fizeram o empresário se desinteressar da carreira política e investir somente nos seus négocios.