Sob ataque virtual, Daniela Lima vira 'Bonner da CNN Brasil'
Âncora provoca a fúria de bolsonaristas e conservadores por suas posições firmes diante das câmeras
Nos últimos dias, Daniela Lima recebeu o apoio público de vários colegas jornalistas. A apresentadora do 'CNN 360º' se tornou alvo de hostilidade nas redes sociais.
A mais recente causa de ataques foi uma palavra empregada equivocadamente ao anunciar a retomada de empregos. "Infelizmente, vamos falar de notícia boa", disse.
Parece ter sido apenas um erro de linguagem. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro interpretaram que a âncora torceria contra a economia do País e o governo.
Quem faz televisão ao vivo, com informações chegando a todo momento, pode facilmente se confundir e cometer gafes. Quase todos os apresentadores viveram uma situação semelhante.
No caso de Daniela Lima, a animosidade da parte de bolsonaristas, direitistas e conservadores não começou agora. Ela já se viu envolvida em polêmica anteriormente.
No início de maio, ganhou muitos haters ao criticar a ação policial na favela do Jacarezinho, no Rio. A operação terminou com quase 30 mortos.
Em sua manifestação no ar, a jornalista questionou a desproporção do número de óbitos de suspeitos em relação à única vítima fatal entre policiais.
Os críticos enxergaram desdém da âncora com a morte do PM e defesa dos supostos criminosos. Após ruidosa repercussão, ela disse ter havido "esforço de distorção" de sua fala.
Em rede social, a declaração da âncora suscitou uma crítica dos jogadores de futebol Lucas Moura e Neymar. “Em nenhum momento quis minimizar a morte do policial. Rogo por um país em que a polícia não tenha que matar e muito menos que morrer”, escreveu a jornalista no Twitter.
A agressividade on-line contra a apresentadora lembra a artilharia pesada direcionada a William Bonner, do 'Jornal Nacional'. Ambos representam no telejornalismo a contestação da ideologia bolsonarista e de seus discípulos.
Não é exagero concluir que usam a âncora para atacar a CNN Brasil. Inicialmente sob suspeita de ser pró-Bolsonaro, a emissora inaugurada em março de 2020 é, na verdade, tão crítica ao presidente quanto a rival GloboNews.
Daniela Lima trabalhou na 'Veja', no 'Correio Braziliense' e na 'Folha' antes de chegar ao vídeo. Em 2019, comandou por quatro meses o 'Roda Viva', na TV Cultura. Destacou-se pelo pulso firme na mediação e as perguntas contundentes.
Sua personalidade forte é vista, por alguns, como impositiva. Após cinco meses, a ex-Globo Gloria Vanique deixou de dividir o 'CNN 360º' com ela por não se sentir à vontade ao seu lado.
Em um ambiente de extrema vaidade e guerra de egos como a televisão, uma jornalista autoconfiante, destemida e dominante como Daniela Lima realmente incomoda a muitos.