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Com Bruna Linzmeyer, filme aborda sexualidade e amor livre

"O que resta", de Fernanda Teixeira, já está disponível nas plataformas digitais

14 out 2021 - 12h44
(atualizado às 12h47)
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A sexualidade fluida, os relacionamentos abertos e o amor livre são os temas trazidos pela diretora Fernanda Teixeira em O Que Resta, longa lançado no dia 11 de outubro nas plataformas digitais iTunes, Google, NOW, Vivo e Looke. Estrelado por Bruna Linzmeyer, Renata Guida, Higor Campagnaro e Guilherme Dellorto, o filme aborda o conflito entre envelhecer e permanecer jovem, ter uma vida regrada ou com mais liberdade.

"O que resta" acompanha grupo de amigos que vivem uma sexualidade livre
"O que resta" acompanha grupo de amigos que vivem uma sexualidade livre
Foto: Divulgação/O2 Play

A história se passa em uma casa de campo, onde Yuri (Higor Campagnaro) parece continuar ligado à juventude com festas abarrotadas, drogas e amantes. Os conflitos surgem quando Bárbara (Renata Guida) e Luiz (Guilherme Dellorto), um jovem casal de classe média, decidem visitar o antigo amigo e experimentar, ao menos por alguns dias, o estilo de vida que ele preservou. Presos a empregos que detestam e esgotados pela rotina, o casal começa a repensar a sua vida e seus desejos reprimidos.

"O filme trata de relacionamentos no geral, seja de amizade, relacionamentos amorosos e sexuais. É sobre afetividade e sobre como esse grupo de pessoas está lidando com as diversas facetas dessas relações em suas vidas. E sobretudo como isso afeta uma determinada fase da vida em que as pessoas começam a repensar suas escolhas e os caminhos que seguirão nas suas vidas, e o que querem daqui pra frente", explica a diretora.

Para a atriz Renata Guida, o casal protagonista está em um momento da vida em que, de alguma forma, a juventude vai ficando para trás e eles são obrigados a se confrontar com a concretude do que construíram até então, como suas profissões burocráticas e seus sonhos não realizados. 

Renata Guida e Guilherme Dellorto interpretam o casal Bárbara e Luiz
Renata Guida e Guilherme Dellorto interpretam o casal Bárbara e Luiz
Foto: Divulgação/O2 Play

"O roteiro explora bem como cada um lida de forma diferente com suas próprias frustrações. O extravasamento dessas frustrações através da sexualidade é algo muito comum na nossa sociedade, e, ao meu ver, aponta para a necessidade de vivermos uma vida mais libidinosa. Libido é sexo, mas é principalmente energia vital, fome de vida", opina.

Outro debate interessante trazido pelo filme são os limites impostos pela monogamia, e como novas formas de amor têm surgido na sociedade. A personagem de Bruna Linzmeyer retrata isso muito bem - uma jovem sexualmente livre, que não se prende a ninguém e intimida os que estão em volta. 

"Eu sinto que a monogamia, pelo menos da maneira como a entendemos hoje, está sim, ultrapassada. É claro que cada casal tem seus próprios acordos e preferências, mas é fato que estamos vivendo um período de reconstrução e revisão de muitos desses valores", afirma Renata.

"O que resta" discute a bissexualidade e a monogamia
"O que resta" discute a bissexualidade e a monogamia
Foto: Divulgação/O2 Play

Para o ator Higor Campagnaro, as pessoas estão começando a questionar os padrões de felicidade, mas é preciso entender o que funciona para cada um. "Precisamos estar em relações que sejam confortáveis para os participantes, e não baseadas em modelos impostos por outras gerações. Eu conheço pessoas com relações abertas e felizes, e o mesmo acontece com os monogâmicos. Estamos em um momento de quebra, então podemos aproveitar o ensejo e inventar possibilidades", comenta.

Confira abaixo o trailer do filme e a entrevista com a diretora Fernanda Teixeira:

Terra: O filme traz um embate entre a relações abertas e a liberdade sexual versus um padrão mais tradicional de relacionamento, como a monogamia. Como você enxerga esse debate e por que falar sobre isso no cinema?

Fernanda: Acho que falar sobre isso é falar sobre as relações humanas como um todo. Acho que o filme trata de relacionamentos no geral, seja de amizade, relacionamentos amorosos e sexuais. É sobre afetividade e sobre como esse grupo de pessoas está lidando com as diversas facetas dessas relações em suas vidas, tanto individualmente, como no coletivo. E sobretudo como isso afeta uma determinada fase da vida em que as pessoas começam a repensar suas escolhas e os caminhos que seguirão nas suas vidas, e o que querem daqui pra frente.

Terra: Você também traz o tema da bissexualidade, que muitas vezes é apagado das histórias LGBTQIA+. Qual a importância de trazer visibilidade ao tema?

F: Gosto de pensar que aqueles personagens vivem num mundo mais a frente do nosso, onde tudo flui com mais naturalidade. Talvez pra minha geração, ou pelo menos na minha pequena bolha, já seja um pouco assim, mas é muito diferente do que se passa no resto do país (e do mundo). Acho que muitas vezes os bisexuais sofrem preconceito dentro do próprio meio LGBTQIA+, são muitas vezes tidos como mal resolvidos ou não assumidos e portanto invisibilizados. No caso das mulheres, são também fetichizadas muitas vezes. Portanto acho importante trazer essa visibilidade, de uma forma que isso não é uma discussão dentro do filme, é simplesmente natural.

Terra: O casal Bárbara e Luiz parecem representar a vida de muitas pessoas hoje em dia, esgotados pelo trabalho e com muitos desejos reprimidos. Você acredita que as novas gerações estão revertendo essa tendência em direção a uma vida mais livre?

F: Acho que esse casal representa com facetas diferentes boa parte dessa geração dos 30 e poucos anos. Um conflito entre o que imaginávamos ser e conseguir até um determinado ponto na vida e onde efetivamente conseguimos chegar. Sem dúvida as gerações mais novas têm a tendência de uma vida mais livre, ou pelo menos com muito mais aceitação do diferente, do plural. Pelo menos é o que vemos hoje nos jovens que já encaram muitas coisas de forma mais natural. Mas ao mesmo tempo também terão seus conflitos daqui há uma década. Resta saber se ainda serão os mesmos das gerações anteriores.

Terra: Como foi a construção desses personagens que são tão diferentes entre si? Quais foram as suas inspirações?

F: Acho que a principal inspiração foram as minhas vivências e vivências de amigos e pessoas próximas. De alguma forma todos eles são um pouco de alguém que eu conheço. Queria personagens femininas fortes, que tivessem suas próprias questões, desejos e vontades. Me lembro que no início do trabalho com elenco a Renata Guida uma vez veio me perguntar, num papo nosso, qual daqueles personagens me representava, como se algum deles fosse um autorretrato de alguma forma. E a minha resposta pra ela foi: "Todos e nenhum deles". Acho que de certa maneira estamos sempre escrevendo do que conhecemos, ou pelo menos, me sinto mais à vontade assim. Lembrando ainda que o roteiro foi escrito a quatro mãos, em parceria com o Ismar Tirelli Neto, amigo de longa data e que também trouxe muitas coisas pro projeto, ajudando a dar forma a esses personagens das nossas memórias e imaginações.

Terra: O que você espera que as pessoas tirem do filme?

F: Acho que o que eu mais quero é que as pessoas se envolvam com o filme e com os personagens e se identifiquem de alguma forma, seja com que personagem for. Pra mim era muito importante que o filme não fizesse nenhum tipo de julgamento sobre aqueles personagens. Então na verdade eu espero que as pessoas tragam pro filme um pouco delas e que embarquem e fluam por esses momentos e por suas próprias memórias e reflexões.

Fonte: Redação Terra
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