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Globo ignora BBB 23 em documentário e expõe rancor por perder controle da narrativa

Documentário sobre o "Big Brother Brasil" omite temporada que inaugurou estratégias coletivas e destacou sororidade

12 jan 2025 - 18h59
(atualizado às 19h17)
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Foto: Divulgação/Globo / Pipoca Moderna

O ruído do silêncio

A ausência do BBB 23 no "BBB: O Documentário - Mais que uma Espiada", exibido ao longo desta semana pela Globo, gerou questionamentos sobre as motivações da emissora ao omitir uma das edições mais controversas, porém mais influentes da história do programa. A 23ª temporada, marcada por expulsões, mas também por estratégias inovadoras e pela união inédita de torcidas, deixou um legado que influenciou diretamente as edições seguintes.

Omissão estratégica

A proposta de "BBB: O Documentário" era contar a trajetória do reality show ao longo de seus anos de existência, revisitando momentos marcantes e destacando campeões e grandes histórias. No entanto, a ausência do BBB 23 causou estranheza entre os fãs. A temporada que consagrou Amanda Meirelles como campeã foi palco de discussões sociais relevantes e apresentou uma nova forma de se jogar em grupo no reality.

Durante o programa, a narrativa construída frequentemente posicionava as "Desérticas" - grupo formado por Amanda, Larissa Santos, Bruna Griphao e Aline Wirley - como antagonistas. A campeã foi alvo de vídeos críticos, enquanto rivais recebiam tratamento mais favorável nas edições diárias. Somente quando o engajamento do público tornou o feito das Desérticas incontestável, a emissora veiculou um vídeo expositivo exaltando as finalistas, o que muitos interpretaram como um "reparo tardio".

A narrativa editada

As Desértica foram frequentemente retratadas de forma negativa nos resumos do programa. Em contraponto, Domitila Barros, Cezar Black, Sarah Aline e outros integrantes do Quarto Fundo do Mar receberam um tratamento mais simpático, alinhado ao discurso que a produção queria reforçar.

Desde a escalação com 50% de integrantes negros, a equipe de Boninho e Rodrigo Dourado preparou uma história sobre reparação racial - mesmo que uma integrante negra, "do outro lado", sofresse racismo "positivo" por conta da opção - e não soube o que fazer quando a história se tornou sobre feminismo e sororidade. A narrativa sobre sororidade - tão presente na edição - foi diluída ou suprimida, enquanto a divisão racial dentro da casa era amplificada.

A polêmica estourou quando a aparente favorita da produção, Domitila Barros, que abordava questões ligadas ao racismo e desigualdade social, foi protegida de críticas que poderiam enfraquecer sua imagem, especialmente acusações de machismo contra ela, após Larissa Santos voltar ao programa tendo visto o que a Miss Alemanha tinha dito sobre ela. Zero sororidade.

O efeito Larissa Santos

A participante que voltou em repescagem, após a expulsão de dois integrantes, desempenhou um papel essencial ao unir torcidas em prol de um objetivo comum: levar todas suas aliadas juntas ao topo. Antes de sua volta, as aliadas estavam certas da eliminação, somando três contra o dobro de rivais do grupo Fundo do Mar. Larissa trouxe a informação de que havia ships de duplas (Doc Shoes, Laried, Brunissa) e criou uma estratégia que desafiou a antiga máxima de que "no BBB, se joga sozinho". A dinâmica tradicional foi alterada pela ideia de cooperação e sororidade, com um planejamento coletivo que contagiou as torcidas fora do confinamento, resultando na presença das quatro amigas no Top 4, algo raro até então na história do reality.

Impacto cultural

A repercussão foi tão grande que influenciou a condução de edições posteriores. No BBB 24, as alianças de grupo voltaram a ser protagonistas, levando novamente quatro aliados à final. Em "A Fazenda 15" e "16", participantes replicaram a fórmula de Larissa, mostrando como sua estratégia transcendeu a barreira do programa da Globo.

Além disso, o programa teve forte impacto cultural. A abordagem das Desérticas trouxe à tona discussões sobre sororidade, coletividade e estratégias que superam rivalidades internas. No entanto, a emissora não deu esse destaque, preferindo manter um discurso mais alinhado às pautas iniciais do programa, como o combate ao racismo, o que gerou críticas de que o BBB 23 foi "editado" para diminuir o papel das mulheres no contexto de união feminina.

Regras de votação alteradas

A forma como o BBB 23 terminou causou claro incômodo na Globo, que implementou mudanças significativas nas regras de votação para o BBB 25. Uma das principais alterações foi a criação de um sistema que buscou enfraquecer a ação das chamadas "forças-tarefa" de fãs, dificultando as vitórias baseadas na força de grupos organizados.

Essa medida foi interpretada por muitos como uma resposta direta à vitória de Amanda Meirelles e à ascensão das Desérticas, que conseguiram contornar as tentativas de vilanização dos produtores e conquistaram o apoio popular de forma massiva, frustrando as expectativas da narrativa editorial do programa.

Disputa de narrativas e ausência de reconhecimento

Com o documentário, os produtores assinaram recibo de mau perdedores. Em vez de examinar as mudanças importantes trazidas pela 23ª edição, a opção foi deixar a temporada de lado para alimentar teorias de que o BBB 23 foi um "fracasso narrativo". Mas se houve um fracasso narrativo foi só dos produtores, que tiveram suas preferências serem contrariadas pelo público. Entretanto, a torcida do grupo vencedor construiu uma narrativa inédita no programa, além de expor uma tentativa de controle da emissora muito além do aceitável.

O esforço da Globo para "esquecer" a temporada no documentário levantou debates sobre a transparência e imparcialidade da emissora, desde os abusos editoriais no BBB 23 até ao tentar controlar a própria história do programa.

Independentemente da narrativa oficial, o impacto do BBB 23 permanece visível nas redes sociais e nas estratégias de outros realities, confirmando que sua importância vai muito além do que a edição do programa tentou mostrar.

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