'A Força do Querer' levou passionalidade que faltava às 21h
Novela acerta ao investir em romances tensos e ardentes bem ao gosto do público
Os autores podem criar tramas mirabolantes. Mas o que prende mesmo a atenção do noveleiro é uma boa história de amor. Preferencialmente dramática e afrodisíaca.
Em ‘A Força do Querer’, de Gloria Perez, não faltam romances interessantes. A autora injetou dose abundante de passionalidade à faixa das 9 da noite, que estava carente de casais capazes de estimular a torcida do telespectador.
A policial e lutadora de MMA Jeiza (Paolla Oliveira) e o caminheiro galã-brucutu Zeca (Marco Pigossi) vivem como cão e gato. Passam o tempo todo a se testar: quem manda mais no outro? Quem é mais forte? O mais explosivo?
Há entre os atores aquela química – paixão no olhar, eletricidade no corpo – que se tornou cada vez mais rara na teledramaturgia. O público não precisa fazer força para acreditar no forte sentimento que os une – e, eventualmente, os separa.
Ritinha (Isis Valverde) e Ruy (Fiuk) apresentam o clássico romance com conflito de classes. A mocinha pobre, emergida de uma cultura ‘exótica’, desafia as convenções da família rica e sofisticada do bom moço. Como não sucumbir?
Isis, com aquele jeito brejeiro, conquistou não apenas o coração do herdeiro do clã como a simpatia do público de casa. Uma sereia irresistível a qualquer fã de uma personagem carismática, bem escrita e interpretada com vigor.
A autenticidade da moça, com doses pontuais de humor e até crítica social, a tornaram uma heroína contemporânea. Romântica e sonhadora, sim; mas nada boba.
O que escrever a respeito de Bibi? É um vulcão em forma de mulher. A (bela) personificação da passionalidade feminina.
Ama cegamente Rubinho (Emílio Dantas). Amor este que a faz não enxergar (ou admitir) a índole criminosa do marido.
Porém, quando a ficha cair, ela vai se mostrar ainda mais passional: se autotransformará em Bibi Perigosa, uma bandida cujo maior crime será amar demais, até o limite da ética.
E assim, com relacionamentos densos e tensos, paixão à flor da pele e impulsividade desmedida, ‘A Força do Querer’ enche a tela da TV com sentimentos tão humanos e saborosos ao paladar dos noveleiros.
Há dez semanas no ar, a trama está com 32 pontos de média no Ibope. Cinco a mais do que a antecessora, ‘A Lei do Amor’. Como se vê, bons romances ainda não fundamentais para se construir um sucesso de audiência.