A Globo vai mandar no Brasil se Huck for eleito presidente?
Possibilidade de candidatura do apresentador enfurece os que dizem abominar o canal da família Marinho
Resposta para a pergunta do título: a Globo já manda no País. Trata-se de uma empresa privada com poder de influência imensurável.
A nova campanha de autopromoção, ‘100 Milhões de Uns’, evidencia seu alcance: praticamente a metade da população brasileira acessa todos os dias a programação da emissora pela TV ou na internet.
Este mês, o final da novela ‘A Força do Querer’ atingiu 50 pontos de audiência – 10 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo. Multiplique essa adesão pelas demais regiões e terá um panorama da força do canal carioca.
Tão adorada quanto odiada, a Globo poderá em breve ser sugada para o epicentro da política. Não como o principal veículo de comunicação do Brasil, e sim como catapulta de um candidato à Presidência da República.
O que era piada se torna uma possibilidade: Luciano Huck angaria apoio em Brasília para se lançar candidato. Aos 46 anos, o apresentador do ‘Caldeirão’ pode ser o ‘outsider’ (o não-político) que as raposas velhas da política tanto temem.
Em recente pesquisa de intenção de voto realizada pelo Ibope, o artista aparece com até 8%, dependendo dos cenários com diferentes adversários. Oscila entre o terceiro e o quarto lugares, atrás de Lula, Jair Bolsonaro e Marina Silva.
A bem-sucedida investida do também comunicador de TV João Dória nas urnas, eleito para a prefeitura de São Paulo, prova que há chance de um candidato inexperiente – e com a vantagem de não ter histórico de acusações de corrupção – superar nomes tradicionais dos grandes partidos.
Este é um fenômeno que se torna comum. Outros apresentadores populares se aventuraram nas urnas e saíram vitoriosos.
O caso mais midiático é o de Donald Trump. O âncora e produtor do talent show americano ‘O Aprendiz’ conquistou a Casa Branca e virou o homem mais poderoso e temido do planeta.
De origem judaica e pertencente à classe média alta paulistana, Luciano Huck é filho de um jurista e uma arquiteta. Estudou Direito na USP.
Trabalhou como publicitário, radialista e colunista social antes de estrear na TV em 1994, no comando de um quadro no programa ‘Perfil’, de Otávio Mesquita, no SBT.
Como apresentador, Huck passou por TV Gazeta e Band antes de chegar à Globo, no ano 2000, com o ‘Caldeirão’.
Com média de 14 pontos, o programa exibido nas tardes de sábado atrai quase 3 milhões de telespectadores na região metropolitana de São Paulo.
O artista tem muitos amigos entre os tucanos. Era frequentemente visto na companhia do senador Aécio Neves antes do tsunami de denúncias contra o político mineiro.
Luciano é atacado por quem o acusa de ser um burguês com ideias liberais a serviço do capitalismo selvagem.
O festival de rótulos pejorativos será, certamente, um dos obstáculos a ser superado caso se lance mesmo na disputa presidencial.
Uma vez na campanha, Huck se tornará alvo da fúria dos anti-Globo. Dissociá-lo da imagem da emissora – e das acusações de falta de imparcialidade e manipulação ideológica contra a empresa da família Marinho – parece missão impossível até para o mais arguto dos marqueteiros.
O canal também ficará sob a sombra da suspeição. A abordagem jornalística em relação ao candidato-apresentador vai ser contestada a todo momento, por mais que venha a ser fiel à neutralidade.
Não apenas Luciano Huck teria o seu prestígio e a capacidade política testados nas urnas – a Globo também estaria sendo avaliada a cada voto.
A eleição de 2018 promete ser, como o próprio apresentador costuma dizer, ‘loucura, loucura, loucura’.
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