A TV e o público precisam rever a estranha obsessão por Suzane von Richthofen
Imprensa insiste dar visibilidade à condenada por duplo homicídio, enquanto público alimenta curiosidade mórbida a respeito dela
O assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen completará 21 anos no dia 31 de outubro. Quantos crimes igualmente horrendos ocorreram nesse período?
O tempo passa e, assustadoramente, aumenta o interesse por Suzane, a filha condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais. Prova disso é a repercussão de uma nova polêmica.
A médica Silvia Constantino esteve ao vivo no ‘Encontro’ para reclamar a falta de contato com as filhas desde que o ex-marido, Felipe Muniz, que tem a guarda das meninas, começou a namorar Suzane, grávida de um filho dele.
Por que esse caso estritamente familiar foi parar no programa matinal de variedades da Globo e gerou manchetes em todos os portais de notícias? Primeiramente, pela curiosidade do público em saber qualquer detalhe sobre a vida íntima da ex-herdeira do clã Richthofen.
Ela se tornou uma das maiores celebridades criminosas do Brasil. A fama resiste ao seu silêncio. Aliás, o mistério colabora para deixá-la em evidência.
‘Será que se arrependeu do que fez? É confiável? Merece o perdão da sociedade? Poderá cometer outra atrocidade? O que se passa na cabeça dela?’
Impossível não ter uma opinião a respeito.
Nota-se estranho fascínio público pela figura de Suzane, como se fosse uma artista merecedora de holofotes, matérias na TV, capas de revistas. Isso gera a banalização do crime hediondo cometido por ela com a ajuda dos irmãos Cravinhos.
Ávida por audiência, a televisão aproveita qualquer oportunidade para falar da ex-detenta. Sabe que o telespectador será facilmente fisgado. Um oportunismo preocupante.
Filmes e livros incentivam também o culto à imagem de Richthofen. Por outro lado, esquecê-la para que viva sem ser incomodada pelas lembranças do passado sombrio seria um presente que talvez ela não mereça.