Alckmin vai tentar que Lula e a Globo façam as pazes
Vice na chapa presidencial do petista sempre elogiou a família Marinho e quer evitar guerra com o canal líder em audiência
Geraldo Alckmin se dispôs a atuar como bombeiro para apagar o fogo da relação entre Lula e a cúpula da TV Globo. O ex-governador de SP acredita no poder do diálogo.
Não será uma tarefa fácil. O petista está com ‘sangue nos olhos’. Repete que o jornalismo da Globo fez espetacularização de seu julgamento na Lava Jato e influenciou negativamente a opinião pública.
Em 2019, quando ainda estava preso na PF em Curitiba, Lula desafiou William Bonner a um debate cara a cara. “Eu só queria uma chance de poder dizer a ele: ‘Você mentiu’.” O âncora e editor-chefe do ‘JN’ jamais respondeu.
O ex-presidente voltou a provocá-lo em março deste ano. “Um dia, a Rede Globo poderia fazer um editorial com o Bonner pedindo desculpas pelas mentiras que contaram contra mim”, tuitou.
O canal sempre afirmou ter feito a cobertura do processo relacionado ao tríplex do Guarujá com “isenção e imparcialidade”.
Em almoço com jornalistas de esquerda, o petista reclamou da falta de comunicação com os herdeiros da Globo – Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto Marinho. “Você falava com o Dr. Roberto Marinho, mas não fala com os filhos dele.”
Conhecido por ser bom negociador e ter paciência inesgotável, Alckmin vai bater na porta de Paulo Tonet, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo. É o homem que faz a diplomacia da TV líder no Ibope com o alto empresariado e os Poderes da República.
Em maio de 2019, Tonet se reuniu com Jair Bolsonaro por 30 minutos, em Brasília. Uma tentativa de resfriar a tensão entre o presidente e a maior companhia de comunicação do País. Apesar do apelo pela paz, o mandatário nunca recolheu a artilharia contra a inimiga Globo.
Difícil acreditar que Lula vá guardar a munição e que os Marinhos o recebam de braços abertos. Sempre que possível, o ex-presidente faz a defesa enfática da regulação de mídia.
Se aprovado, o projeto do PT atingiria o coração financeiro do Grupo Globo, que seria obrigado a se desfazer de parte de seus negócios por conta da proibição da ‘propriedade cruzada’, quando uma empresa concentra poder ao controlar emissoras de rádio e TV, jornais, revistas e portais de notícias.
Geraldo Alckmin tem uma missão impossível pela frente.