Âncora demitida acertou ao criticar o marasmo nos telejornais da GloboNews
Canal começa a promover mudanças na tentativa de não perder a liderança no Ibope para a direitista Jovem Pan News
“Tá um saco, a GloboNews só tem política e economia, economia e política, política e economia”, disse a então âncora do ‘Em Ponto’, Cecília Flesch, no podcast ‘É Noia Minha?’, em um sincericídio que custou seu emprego. Ela foi demitida a poucos dias de completar 1 ano na função.
Conhecida pela irreverência, a âncora disse o que muita gente pensa, inclusive no próprio canal de notícias. A linha editorial da GloboNews se tornou excessivamente repetitiva.
De telejornal em telejornal, as pautas são reprisadas, com pouco espaço para outros temas. Pior: todos os comentaristas têm uma visão progressista ou declaradamente à esquerda.
A emissora carece de pluralidade. Eventualmente, Demétrio Magnoli causa um desconforto nos demais ao expor uma visão diferente, mas é pouco. O jornalismo precisa de permanente confronto de ideias. O coleguismo inibe o debate na GloboNews.
A CNN Brasil e a Jovem Pan News apresentam mais amplitude ao abordar os assuntos caros à concorrente –política e economia. Há comentaristas de diferentes correntes ideológicas e escalam entrevistados igualmente diversos.
Alguns apresentadores e comentaristas da GloboNews exageram na informalidade ao fazer piadas e falar da vida privada. Às vezes, parece que assistimos a um show de stand up comedy, e não a um noticiário. Não custa lembrar: jornalista não é artista, nem deve se comportar como tal.
Em maio, a GloboNews ficou apenas 5 posições à frente da Jovem Pan News no ranking de audiência do Ibope. Nunca a diferença foi tão pequena. Diante do sinal amarelo, a cúpula do canal começou a agir.
Nas últimas semanas, os telejornais estão com mais entradas ao vivo de Brasília. Alguns comentaristas de estúdio foram enviados à Câmara e ao Senado a fim de abordar parlamentares e ministros em busca de ‘furos’ (notícias em primeira mão).
Nitidamente, o canal se acomodou com a liderança isolada no segmento de notícias. Agora, com o principal rival crescendo, acordou para a realidade: o público não aceita um jornalismo morno e previsível.
Cecília Flesch verbalizou uma realidade incômoda a seus chefes. Ela fez um bem à emissora ao ressaltar as falhas explícitas que colocam em risco, pela primeira vez, a liderança de audiência da pioneira em notícias da TV paga.