Âncoras sem o perfil ‘faz-tudo’ podem começar a procurar outro emprego
Emissoras buscam profissionais versáteis que colaborem na guerra por audiência
A ascensão de Nilson Klava na GloboNews e Bruno Tavares na Globo confirma uma tendência: os canais querem apresentadores de telejornal com alma de repórter.
Klava tem substituído titulares em folgas e férias. Já comandou o prestigiado ‘Jornal das Dez’ de Aline Midlej e, no momento, cobre a ausência de Camila Bonfim no ‘Conexão GloboNews’.
Desde o fim de 2022, Tavares assume a bancada do tradicional ‘Jornal da Globo’ quando Renata Lo Prete não está.
Em comum, os dois jornalistas têm o espírito de reportagem. Correm atrás da notícia, cultivam fontes quentes em diferentes setores e dão ‘furos’ (informações em primeira mão, na frente dos canais concorrentes).
Perfil semelhante ao de colegas como Marina Franceschini e Julia Duailibi (GloboNews), Daniela Lima e Raquel Landim (CNN Brasil) e Juliana Rosa (Band News).
Todos trabalham com um olho na câmera e outro no celular, trocando mensagens com informantes durante os programas ao vivo.
Eventualmente, a maioria deles faz também entrevistas externas, matérias especiais e até documentários. Não se acomodam no conforto do estúdio.
Não tem mais vez na TV o antigo perfil de apresentador de telejornal: aquele que se limita a ler os textos no teleprompter e, às vezes, entrevista alguém com perguntas passadas pela redação.
Em aperto financeiro, as emissoras exigem um profissional capaz de desempenhar múltiplas funções e que faça a diferença para atrair mais audiência no Ibope e repercussão nas redes sociais.
Recentemente, vimos isso com Leandro Magalhães da CNN Brasil. O repórter conseguiu imagens inéditas da invasão ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro.
Todos os telejornais repercutiram o ‘furo’ dando o crédito à emissora. O material bombástico resultou na demissão do chefe do GSI, general Gonçalves Dias, e mobilizou forças políticas pela instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso.
Não é coincidência que a maioria dos jornalistas em alta na TV veio do impresso. Em jornais e revistas, os repórteres precisam buscar fontes nas mais diversas esferas da sociedade e do poder a fim de garantir o emprego.