Ao atacar memes, Globo espanta o público que deveria atrair
Emissora insiste em demonizar a internet ao invés de agradar o usuário que pode gerar audiência
Sem ser incomodada pelas concorrentes, a Globo dá tiro no próprio pé de vez em quando para quebrar o marasmo. O novo disparo acerta milhões – repito: milhões – de usuários de redes sociais.
A emissora carioca quer impedir a utilização de imagens (frames e GIFs) de seus programas e artistas contratados em memes. Já conseguiu punir alguns perfis do Twitter com base na lei de preservação de direitos autorais.
A Globo insiste em enxergar a internet como inimiga. É uma luta com derrota certa: a web e a liberdade de expressão dos usuários são mais fortes do que o canal da família Marinho.
Ao tentar proibir uma das principais diversões dos internautas – fazer humor usando cenas de novelas e outras atrações –, a poderosa empresa prejudica ainda mais sua imagem junto ao público jovem.
Público este que não está nem aí para a TV aberta e menos ainda para as produções globais. Mas que renderia valiosos pontos no Ibope se fosse melhor tratado e, consequentemente, estimulado a consumir a programação do canal.
Os memes geram publicidade espontânea para a própria Globo. Funcionam tanto quanto as milionárias campanhas convencionais pagas pela emissora e as chamadas poucos criativas de seus programas.
Proibida de produzir e repercutir memes, a galera das redes sociais vai falar o quê da Globo? O canal acha mesmo que pode sobreviver sem a repercussão virtual?
A cúpula global parece não perceber o risco de perder os telespectadores que só ligam a TV depois de rir dos memes na tela do smartphone.
Com essa postura arrogante e risível, a Globo reforça uma contradição: é a emissora mais tecnológica do País e a que menos sabe lidar com a massa influente que compõe o universo da internet.