Apresentadores choram ao vivo ao ver destruição e morte na enchente gaúcha
Enviados da Globo, SBT e CNN Brasil humanizam o jornalismo ao sentir na pele a dificuldade de narrar uma tragédia
"Sim, eu sou um homem e choro. Um homem não tem olhos? Não tem também mãos, sentidos, inclinações, paixões? Por que é que um homem não devia chorar?”, diz um personagem fragilizado na peça ‘O Pai’, do sueco August Strindberg, escrita em 1887.
Quase 140 anos depois, verter lágrimas ainda é um tabu para a maioria dos homens, inclusive em países de cultura mais emocional como o Brasil. Por isso, o choro masculino merece ser destacado quando acontece, principalmente na TV.
A presença no meio da enchente no Rio Grande do Sul despertou sentimentos em Flávio Fachel, da Globo, Paulo Mathias, do SBT, e Leandro Magalhães, da CNN Brasil. O primeiro, gaúcho de Porto Alegre, se comoveu ao fazer um apelo por doações aos desabrigados.
“Por favor, se você está vendo esta transmissão, qualquer real que você doar vai ajudar as pessoas aqui”, disse, com voz embargada.
Fachel já havia chorado na cobertura das mortes e da destruição causada pelas chuvas em Petrópolis, na Serra Fluminense, no início de 2022. “É muito dolorido o que a gente tá vendo aqui”, afirmou na ocasião.
Em São Leopoldo, na região metropolitana do RS, Leandro Magalhães, do ‘CNN Arena’, se emocionou ao relatar o horror de um filho que encontrou o corpo do pai morto em casa. Comentou também sobre sua colaboração para convencer uma idosa a sair da residência inundada para ir a um abrigo.
Sua desolação diante da câmera ressaltou o abalo à saúde mental de quem é testemunha ocular de um dos maiores desastres climáticos da história do Brasil. Impossível não exercitar a empatia. Por trás de todo jornalista com a missão de informar existe um ser humano cheio de forças e fragilidades como qualquer outro.
No ‘Chega Mais’, Paulo Mathias conversava com moradores de uma casa parcialmente tomada pelas águas quando a voz começou a falhar. “Nós vamos virar essa página juntos”, disse. O choro alivia parcialmente a tristeza.
Dedicado ao entretenimento no programa matinal do SBT, o apresentador se viu, de repente, no meio da catástrofe. Assim como ele, todos que acompanham a calamidade de perto precisarão ser acolhidos em algum momento. Nenhum jornalista voltará o mesmo dessa cobertura dramática.
Flávio Fachel, apresentador do #BomDiaRJ e natural do RS, emocionado em entrada ao vivo de Canoas: “A gente está precisando de ajuda. Por favor, se você está vendo essa transmissão, qualquer real doado vai ajudar as pessoas daqui” pic.twitter.com/CrSemeJSDe
— Jeff Nascimento (@jnascim) May 9, 2024