Apresentadores de direita e esquerda se dão bem após saída polêmica da TV
Na web, Augusto Nunes e Chico Pinheiro mergulham de cabeça nas ideologias que os tiraram de grandes emissoras
Até pouco tempo atrás, sair da televisão significava o declínio da carreira de um apresentador de telejornal. Vivemos outros tempos, ainda bem. A internet oferece espaço privilegiado a quem não possui mais vínculo com uma emissora.
Dois exemplos se destacam. Em lados opostos do espectro político, eles exercem poder de influência sobre o público ávido por informação, análise e opinião fora dos grandes canais de TV.
Augusto Nunes, 73 anos, é o âncora do programa ‘Sem Filtro’, do canal de YouTube da ‘Revista Oeste’, veículo de “pensamento liberal-conservador”, segundo definição própria.
Ele segue, agora com aparente liberdade ilimitada, a criticar duramente a esquerda, o PT, Lula e seu governo, o Judiciário e, especialmente, o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Nunes saiu da Jovem Pan News em outubro de 2022, após ter sido afastado do estúdio por alguns dias, justamente pelas posições contundentes diante das câmeras.
Visto como apoiador de Jair Bolsonaro, o jornalista se tornou alvo do abrandamento do discurso da emissora de Tutinha Amaral de Carvalho após o então presidente de direita não conseguir a reeleição.
Sob boatos de censura e demissão, a JP News comunicou que o desligamento ocorreu “de comum acordo” com o apresentador.
O fim do vínculo de Chico Pinheiro com a Globo, após quase três décadas, gerou rumores também, e a mesma justificativa pouco crível: “de comum acordo”. O veterano, de 70 anos, deixou a bancada do ‘Bom Dia Brasil’ em abril do ano passado.
Parte da cúpula da TV do clã Marinho se incomodava com declarações do jornalista, fora do roteiro do telejornal, e seu ativismo político pró-esquerda e antibolsonarista nas redes sociais. Pela regra, os contratados do jornalismo da Globo não podem sinalizar preferência ideológica.
Desde maio, Chico está à frente do ‘ICL Notícias 2’, telejornal do canal de YouTube ICL, criado pelo economista, ex-banqueiro e também apresentador Eduardo Moreira, declaradamente de esquerda.
Livre do terno e gravata, o ex-global se mostra à vontade para criticar governos conservadores, como o de Tarcísio de Freitas, ocupante do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, e disparar sem dó contra o ex-presidente Bolsonaro e seus discípulos.
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