Atentado faz imprensa baixar o tom contra Trump e pode mudar cobertura da eleição
Comentaristas políticos foram chamados às pressas para analisar evento com alto potencial de audiência aos canais de TV
As imagens de Donald Trump no momento em que foi alvejado, com a orelha ensanguentada e o punho erguido em sinal de reação ao atentado passaram a ser repetidas ininterruptamente na GloboNews, CNN Brasil, Jovem Pan News, Record News, Band News e nos boletins de canais abertos como a Globo.
O que diferenciava a cobertura entre as emissoras era a análise dos comentaristas e de acadêmicos convidados a participar ao vivo. Da progressista GloboNews à conservadora Jovem Pan News, adotou-se a condenação da violência política e a defesa da democracia.
Outra conclusão unânime: o atentado oferece poderosa narrativa para a campanha do republicano. “Trump sai fortalecido por ter mídia favorecida a ele, uma imagem positiva a seu favor”, disse o professor de relações internacionais Vladimir Feijó na Band News.
No ‘Edição das 18h’ da GloboNews, Paulo Velasco, da UERJ, destacou o equívoco do presidente Joe Biden em emitir inicialmente uma “nota tímida, singela, simples” sobre o ato contra seu concorrente na eleição, enquanto personalidades de seu partido, o Democrata, logo fizeram manifestações firmes. “Ele deveria ter condenado qualquer forma de intolerância”, opinou o professor.
A CNN Brasil aproveitou entrevistas feitas por repórteres de sua matriz nos Estados Unidos, com tradução simultânea. Ouvir testemunhas e contar com informações em tempo real do canal-mãe valorizaram a cobertura da emissora.
Os Estados Unidos têm longo histórico de atentados contra candidatos à Casa Branca e presidentes eleitos. Na ocasião dos tiros de um fã obcecado pela atriz Jodie Foster contra Ronald Reagan em 1981, as fotos mais famosas foram tiradas pelo fotojornalista brasileiro Sebastião Salgado, posicionado a poucos passos do político.
Acontecimentos extremos em campanhas eleitorais, como o esfaqueamento de Jair Bolsonaro na corrida ao Planalto em 2018, influenciam o trabalho da imprensa. Nos próximos dias, Donald Trump terá valioso aumento de visibilidade. Publicidade espontânea na TV capaz de impactar as próximas pesquisas de intenção de votos e deixar Joe Biden ainda mais enfraquecido na mídia.
Na GloboNews, outro professor de relações internacionais, Carlos Gustavo Poggio, destacou a rapidez do líder de direita em se posicionar para as câmeras com o punho ao alto em demonstração de força enquanto ainda era socorrido por agentes de segurança. "Estamos testemunhando um fato histórico", disse.
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