Atriz morreu longe da TV após sucesso em ‘Tieta’ e ousadia com 1º nu em novela
Cidinha Milan não resistiu a uma grave doença e sua morte foi pouco divulgada na época
“Detesto novela. Eu só assisto que é para poder falar mal.” A frase dita por Cora, empregada fofoqueira de Tieta (Betty Faria) na novela homônima, se tornou um bordão no Brasil.
A personagem coadjuvante fez tanto sucesso na exibição original, em 1989, que ganhou mais espaço na trama. Chegou a ter bate-bocas com a vilã Perpétua (Joana Fomm).
Foi o papel mais popular da carreira de Cidinha Milan. A atriz paulistana começou no teatro. Em 1975, protagonizou o primeiro nu em telenovela.
Interpretou Chiquinha em ‘Gabriela’. Flagrada com um amante, a jovem fugiu com ele (Juca, vivido por Pedro Paulo Rangel) pela praça da cidade.
No caminho, os dois viraram alvo da chacota e do olhar julgador de moradores da pequena cidade. Uma sequência ousada para a época, com a televisão sob a censura do regime militar.
Cidinha poderia ter quebrado outro tabu: interpretaria João Ligeiro, uma mulher criada como homem, na primeira versão de ‘Roque Santeiro’. Às vésperas da estreia, a novela foi proibida pelos militares.
Dez anos depois, na segunda versão, o personagem sofreria uma mudança. Seria um gay sigiloso. Maurício Mattar assumiu o papel e conquistou o carinho do público. De novo, a censura interferiu, impedindo o desenvolvimento da homossexualidade do peão, que acabou sendo assassinado.
A artista atuou em outras obras de sucesso, a exemplo de ‘Pecado Capital’, ‘Carga Pesada’, ‘Corpo a Corpo’ e ‘Carmen’. De 1998 a 2001, fez a professora Elvira no seriado ‘Sandy e Junior’. Apareceu também na 13ª temporada de ‘Malhação’.
Sem papel em novelas, Cidinha Milan participou do quadro ‘Os Velhinhos se Divertem’ no ‘Programa Silvio Santos’, no SBT. Viveu dezenas de personagens anônimos nas pegadinhas. Ela morreu em 1º de junho de 2018, aos 70 anos, vítima de câncer.
O êxito de Cora na reprise de ‘Tieta’ nas tardes da Globo serve como homenagem à memória da atriz. Seu talento nunca foi devidamente reconhecido. Agora, as novas gerações têm a oportunidade de aplaudi-la, inclusive com ‘likes’ em cenas postadas nas redes sociais.
