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Bibi, Lili e Elvira: as bandidas roubam a cena das heroínas

Personagens ligadas ao crime se destacam em período de crise moral no País

19 ago 2017 - 17h45
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As perigosas: personagens de Juliana Paes, Viviane Araújo e Ingrid Guimarães desafiam a lei e a ética
As perigosas: personagens de Juliana Paes, Viviane Araújo e Ingrid Guimarães desafiam a lei e a ética
Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo, Nina Vettá/Site Aguinaldo Silva e Marília Cabral/TV Globo

Tá tudo dominado. O noticiário dá prioridade máxima aos crimes de corrupção e casos de violência. Manchetes negativas não têm fim.

Anestesiado, o Brasil é arrastado por um tsunami provocado pela falta de ética na política e a falência do modelo de segurança pública.

Coincidentemente, personagens associadas a essas questões ganham destaque na TV e no teatro e suscitam reflexão a respeito da fronteira às vezes nebulosa entre o certo e o errado.

Em ‘A Força do Querer’, Bibi (Juliana Paes) personifica a cooptação de pessoas comuns realizada pelo crime.

Ela abandonou os princípios – era estudante de Direito e defensora da legalidade – para viver no ‘estado paralelo’ comandado por traficantes.

A paixão louca e cega pelo marido, Rubinho (Emílio Dantas), foi responsável apenas pelo primeiro passo em direção à violação das regras.

Inserida, Bibi se deixou fascinar pelo crime e, num conveniente autoengano, passou a culpar os outros (especialmente a major Jeiza, papel de Paolla Oliveira) para justificar o injustificável: sua opção pela vida bandida.

Na maneira torta de pensar, a personagem possui semelhança com Lili, a viúva revoltada que se une a um grupo de infratores na busca de vingança pelo marido assassinado.

Famosa por aparecer em livro, seriado de TV e filme, Lili Carabina virou peça. Estrelado por Viviane Araújo, o espetáculo homônimo baseado na obra do novelista e escritor Aguinaldo Silva está em cartaz de sexta a domingo no Teatro Jaraguá, em São Paulo, até 26 de novembro.

Essas duas mulheres acreditam no direito de pegar em armas para praticar um peculiar código de justiça. Revoltadas com o ‘sistema’, pisoteiam de salto alto a ética.

E, apesar de representarem a delinquência, são admiradas por muita gente. Em um País contaminado por injustiças variadas e radicalismos assustadores, personagens assim acabam sendo aceitas com naturalidade. Sinal dos tempos – tempos estranhíssimos, aliás.

Na trama das 18h30 da Globo, ‘Novo Mundo’, a antagonista interpretada por Ingrid Guimarães faz mais sucesso do que as mocinhas do folhetim de época.

Em sua trajetória de golpes e fugas, a trambiqueira Elvira Matamouros já se disfarçou de cigana, homem, velha e pirata. Sempre encontra uma maneira de escapar de suas vítimas – e praticar nova vigarice.

A portuguesa aprendeu rápido o jeitinho brasileiro de levar uma vida tumultuada em terras tupiniquins.

Atriz mambembe, usa o talento dramático para conseguir sobreviver em um período cruel para mulheres e artistas. À novela, ela garante um necessário alívio cômico.

Voluntariamente marginais, Bibi, Lili e Elvira enfrentam as dores e as delícias de ser fora da lei. Cabe ao público julgá-las e refletir a respeito do questionamento moral que representam: um erro justifica o outro?

Fonte: Especial para Terra
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