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11 fatos sobre Bonner, inimigo número 1 de Bolsonaro na TV

Âncora mais poderoso e odiado do jornalismo não tinha intenção de ser famoso até que um convite mudou sua vida

29 jan 2021 - 09h16
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William Bonner tem um capítulo especial na história do jornalismo. Ele comanda diante das câmeras e nos bastidores o telejornal mais importante do País. O JN informa e influencia cerca de 50 milhões de brasileiros noite após noite. Não há outro produto de comunicação tão prestigiado.

Bonner no começo da década de 2000, atualmente e no início na Globo, aos 23 anos: o mais famoso jornalista de TV queria ser publicitário
Bonner no começo da década de 2000, atualmente e no início na Globo, aos 23 anos: o mais famoso jornalista de TV queria ser publicitário
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

A visibilidade duradoura transformou o apresentador em uma das pessoas mais conhecidas do Brasil, e também um alvo fácil para críticos e desafetos. O maior deles é Jair Bolsonaro. Dizendo-se perseguido pelo telejornal liderado por Bonner, o presidente já o xingou de “sem-vergonha” e “maior canalha”.

Na Globo há quase 35 anos, William Bonner não pensava ser jornalista, muito menos âncora de telejornal. Por causa da voz potente foi convidado a encarar um microfone de rádio e, em seguida, as câmeras de TV. O blog selecionou alguns episódios de sua trajetória profissional e curiosidades da vida fora do ar.

Bonner fora do ar: irreverente e sem liberdade de circular como um cidadão comum
Bonner fora do ar: irreverente e sem liberdade de circular como um cidadão comum
Foto: Reprodução
  1. Paulista, William Bonemer Júnior entrou em 1982 no curso de Comunicação Social da ECA (Escola de Comunicações e Artes) na USP. Ao final do primeiro semestre, ele precisava fazer uma opção. Ao invés de Jornalismo, preferiu Publicidade e Propaganda. Pouco depois, conseguiu estágio em uma agência, onde colaborou na criação de alguns anúncios.
  • Um dia, o jovem universitário foi abordado pelo diretor da Rádio Cidade Universitária FM, Mário Fanucchi. Ao ouvir Bonner conversando com colegas, ele gostou da voz e propôs a gravação de um registro. Pouco depois, o estudante ganhou um programa, ‘Concerto de Rock’. Chegou a ficar 4 horas diárias ao vivo no ar. Foi quando começou a desenvolver a capacidade de improviso e o interesse pelo jornalismo.
  • William recebeu o convite de uma colega de universidade para fazer um teste na TV Bandeirantes. A função: gravar notícias em off, ou seja, ele não apareceria no vídeo, apenas a voz seria utilizada. Ganhou o emprego. Era abril de 1985. Meses depois, outro convite: gravar testes diante das câmeras para um telejornal. Para isso, o então diretor José Emílio Ambrósio pediu que Bonner tirasse a barba e trocasse os óculos por lentes de contato. “Fui aprovado e passei a apresentar, da pior maneira possível, um telejornal local da TV Bandeirantes”, contou William em depoimento ao projeto ‘Memória Globo’.
  • Sem ter diploma de jornalismo nem registro de radialista, ele precisava fazer um curso técnico para se profissionalizar. Mas as aulas eram no mesmo horário do telejornal que apresentava. Para que Bonner pudesse estudar, a diretora de jornalismo, Silvia Jafet, o transferiu para o ‘Jornal de Amanhã’, que era transmitido para todo o País. “Fui promovido de apresentador local para apresentador de rede porque eu não tinha diploma nem de uma coisa nem de outra.”
  • No final de maio de 1986, apenas cinco meses após assumir o telejornal, Bonner recebeu uma ligação de um editor da Globo em São Paulo. Menos de um mês depois, estreou como apresentador do ‘SPTV – 3ª Edição’. Na nova casa, acatou a sugestão de mudar o sobrenome: Bonemer virou Bonner. Dois anos se passaram e lá estava ele na bancada do ‘Fantástico’. Em seguida, assumiu o ‘Jornal da Globo’. Na sequência, o ‘Jornal Hoje’. Em 1996, foi efetivado como âncora no ‘Jornal Nacional’ após alguns anos sendo apresentador eventual. Três anos depois, virou também editor-chefe do mais tradicional e assistido telejornal do País.
  • Quando foi convidado para o ‘JN’, Bonner precisou se comprometer a guardar segredo. O diretor da Central Globo de Jornalismo, Evandro Carlos de Andrade, pediu que ele não contasse a novidade nem para sua mulher, Fátima Bernardes. O apresentador viveu um dilema por algumas horas. Até que Andrade reavaliou a situação e o liberou para compartilhar a promoção com a então companheira de vida e colega de Globo.
  • Em quase 25 anos à frente do ‘Jornal Nacional’, Bonner viveu alguns momentos difíceis diante das câmeras. Um deles foi em 7 de agosto de 2003, na homenagem póstuma ao jornalista Roberto Marinho. William se emocionou ao ler nota escrita pelos filhos do fundador da TV Globo. Com a voz embargada, baixou a cabeça e ficou pensativo alguns segundos. “Eu vou concluir”, avisou. Retomou a leitura e se despediu do público novamente comovido.
  • Uma das situações mais inusitadas de Bonner no ‘JN’ foi quando encerrou o telejornal antes da hora. Ele deu “boa noite” e, segundos depois, notou o equívoco. Sorridente, se dirigiu ao telespectador. “Você percebeu, eu me antecipei. Eu desejo a todos uma boa noite, mas daqui a pouco, temos ainda assuntos a tratar.”
  • Nos bastidores do jornalismo da Globo, Bonner é famoso pelo bom humor. Já teve sua fase de imitações. Uma delas ficou famosa: a de Clodovil. Sim, você leu certo: William Bonner fazia caras e bocas para imitar o estilista e apresentador. No YouTube há um trecho de brincadeira dele com Cid Moreira na bancada do ‘JN’. “Agora se joga para aquela lente, que é a lente da verdade”, debocha Bonner com o colega, arrancando risos de quem estava no estúdio.
  • O apresentador gosta de carros. Possui alguns modelos cobiçados por colecionadores. Um de seus xodós é um Gol GT 1.8 vermelho. Na sua garagem também há um Mustang 1966 azul, entre outras raridades caras.
  • William Bonemer Júnior paga um preço alto por ser William Bonner, o mais visível porta-voz do jornalismo profissional na TV. Ao desagradar boa parte da direita e de apoiadores de Jair Bolsonaro, ele se tornou um alvo preferencial. Ataques acontecem não apenas na internet. Passou a ser hostilizado no dia a dia. Esquerdistas também o desprezam. Uma vez, em uma padaria na zona sul do Rio, foi insultado em voz alta por uma mulher. “Eu me senti culpado por incomodar, com aquela situação, quem estava comendo um simples pão na chapa”, disse em entrevista a Pedro Bial.
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